Núcleo de Criação do Pequeno Ato faz desfile de Carnaval em novo espetáculo

maio 15, 2024


Núcleo de Criação do Pequeno Ato celebra uma década premiada de trabalho com o público jovem, e foi buscar nas origens do Carnaval e nos desafios da emergência climática a inspiração para a criação do novo espetáculo Carnaval Futuro. 


Partindo de pesquisas sobre a história do Carnaval, desde as procissões religiosas até a repressão do samba, o grupo de artistas, sob a direção de Pedro Granato, mergulha nas raízes culturais para projetar o futuro. A peça estreia temporada de 7 a 23 de maio, no Centro Cultural São Paulo, com sessões terças, quartas e quintas-feiras, às 21h. 


Com dramaturgia inédita de Ana Herman, criada em colaboração com o elenco, o espetáculo tem formato de um desfile Carnavalesco, com carros alegóricos, alas e plateia disposta em corredor. Inspirado pelas lições do passado, como a revolução comportamental após a gripe espanhola que contou com uma explosão de eventos de massa até as recentes proibições do Carnaval de rua em 2022 com a pandemia, o grupo traz para a avenida a discussão atual de bilionários como Elon Musk que investem em viagens espaciais, mas apoiam políticos autoritários que negam o aquecimento global. 


A montagem reúne uma equipe diversa. A luz é assinada por Benedito Beatriz de trabalhos marcantes com a Coletiva (“Quando Quebra Queima” e “Erupção”), a produção musical é da Maia Caos (que fez “Distrito T” e “Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica” com direção de Ymoira Micall, vencedor do prêmio Mix Brasil), o figurino de Jota Silva e Kyra Reis, da Cia Sacana, a coreografia é de Gabriela Gonzales que participou do Núcleo de Criação do Pequeno Ato em “Caso Cabaré Privê”, vencedor do Prêmio APCA. O cenário, que trará um carro alegórico é de Diego Dac, parceiro de Granato em diversos trabalhos como “Veraneio” e “Corpo Intruso”.


A narrativa se passa em um futuro de crise climática, em que um casal de escolhidos da elite parte para uma viagem espacial e força a população a trabalhar em busca dessa terra prometida para poucos. “Inspirados pelo afro-futurismo e o conceito de futuro ancestral, criamos novas experiências, exploramos formas de aproximar a essência imersiva e popular do Carnaval à linguagem teatral”, conta Granato. 

 

O núcleo conseguiu o apoio da escola de samba Vai-Vai que doou fantasias e materiais do seu último desfile, criado pelo carnavalesco Sidney França - que em 2024 comanda o desfile da tradicional escola paulistana e da Mangueira, no Rio. “Estamos promovendo o encontro estético de alegorias de Brecht às alegorias de Joãozinho 30 e tantos mestres do nosso Carnaval”, explica Granato.

 

As imagens de divulgação foram geradas pelo fotógrafo Pedro Garcia de Moura a partir de fotos dos atores e inteligência artificial. “Suas criações imagéticas para a página Carnavais Artificiais, com inteligência artificial, foram disparadoras para a criação do espetáculo e nos levam a novos caminhos, onde o futuro é uma reinvenção da ancestralidade”, conta Granato.


O Carnaval, em sua forma e conteúdo, fala intimamente sobre quem somos. “Ao focar no Carnaval, sabemos que ganhamos uma plateia apaixonada, de especialistas, porque todos temos essa vivência, que virou parte de nossa identidade. E no Carnaval as alegorias são diretas e sem limites, é uma riqueza cultural muito pouco explorada em nossa cena”, completa Granato.


Uma década de experimentação e novas plateias

Desde 2013 o Pequeno Ato é um teatro e centro de criação mantido de maneira independente, com uma programação ininterrupta visando o contato com novos públicos e o teatro jovem, abrindo espaço para novos dramaturgos e diretores. O grupo investiga o teatro imersivo e a formação de plateia. Os espetáculos do Núcleo são criados por jovens, falando de jovens e para o público jovem.


O primeiro espetáculo Fortes Batidas (2013), ambientado em uma balada, cruzava a vida de jovens com a participação do público. Junto com 11 Selvagens (2017) e Distopia Brasil (2019), fez parte de uma trilogia que debateu os ânimos inflamados na política recente brasileira.


Com o isolamento gerado pelo coronavírus, a imersão presencial não foi mais possível, então a pesquisa avançou para a tecnologia. O Núcleo se aprofundou na gamificação das narrativas, com histórias que se ramificam e se modificam de acordo com a intervenção do público. Assim surgiu Caso Cabaré Privê (2020), em que o público assistia online e podia interagir interrogando os participantes para descobrir como morreu um político de extrema direita e até mesmo decidia o que fazer com as informações descobertas. O Pequeno Ato também fez investidas diretas no espaço público com a montagem de rua de O Beijo no Asfalto (2017). 


As possibilidades de interação com o público aprofundaram ainda mais em Descontrole Público (2021). Nesse trabalho, a plateia virtual literalmente conduzia através de fones e câmeras os personagens em uma primeira festa após a vacina. Os comandos dados geraram novos desenlaces para a história, e uma experiência única no cruzamento entre gamificação e dramaturgia. 

 

Fechando a nova trilogia com foco na gamificação, Vingança Voyeur (2023), surgiu como sexto espetáculo do grupo, já com a retomada de experiências presenciais sem perder os avanços tecnológicos explorados pelo Núcleo. Utilizando-se de fones, o público acompanha em espaços de convivência da cidade o plano de um grupo de mulheres que se vingam de uma situação de estupro. Mesclando recursos tecnológicos e de teatro imersivo a fim de investigar novas formas de se relacionar com temas como machismo, sexualidade e a busca feminina por respostas à impunidade, o espetáculo fez avançar a pesquisa do Núcleo de Criação e celebrou a volta aos palcos após a pandemia em 2023.


Ficha técnica:

Núcleo de Criação do Pequeno Ato. Direção e concepção: Pedro Granato. Dramaturgia: Ana Herman. Espetáculo criado em processo colaborativo Atores criadores: Anna Talebi. Bruna Araújo, Daay Galvão, Dan Elias, Diego Leo, Fellipe Tavares, Joana Langeani, Jota Silva, Leo Braga e Matheus Almeida. Coreografia e Assistente de direção: Gabriela Gonzalez. Cenografia e Adereços: Diego Dac. Sonoplastia: Maia Caos. Iluminação: Benedito Beatriz. Figurino: Jota Silva e Kyra Reis. Assistente de cenografia: Luana Miyamoto. Estagiária de direção: Gabriela Lang. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos de divulgação: Pedro Garcia Moura. Produção executiva: Carolina Henriques e Rommaní Carvalho. Direção de produção: Jessica Rodrigues. 

Apoio: Escola de Samba Vai-Vai. Realização: Pequeno Ato e Jessica Rodrigues Produções


Serviço:

Espetáculo Carnaval Futuro 

Estreia dia 7 de maio, terça-feira, às 21h.

Temporada: De 7 a 23 de maio – Terça a quinta, às 21h

Recomendação etária: 16 anos

Duração: 60 minutos

Centro Cultural São Paulo (CCSP) – Sala Ademar Guerra

Rua Vergueiro, 1000, Paraíso – Metro Vergueiro

Ingressos: Gratuitos 

A retirada de ingressos é liberada uma semana antes do dia do evento.

Funcionamento da bilheteria presencial: Terça a sábado, 13h às 22h.Domingo e feriados, das 12h às 21h.


 
 
 

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