Projeto "Ritmos da Rua" lança todos os vídeos da série de oficinas online de percussão para o Carnaval de BH
setembro 22, 2023
Iniciativa dos músicos Pedro Thiago e Chaya Vazquez contempla sete ritmos latinos, que vão da cumbia ao carimbó, tocados em blocos como Roda de Timbau e Cómo te Lhama!?; vídeos já estão todos disponíveis no canal do projeto no YouTube
De um Carnaval tacanho a uma das maiores festas momescas do país, o Carnaval de BH vem se transformando ao longo das últimas décadas - incorporando discursos, estilos, linguagens, públicos e afetos. Um dos tantos blocos que guarda importância na história recente da folia é o Cómo te Lhama!?, surgido em 2015, com a intenção de levar à rua ritmos latino-americanos e do Norte do país. O bloco uniu músicos atuantes da cena, que se debruçaram sobre a criação maturação de arranjos e estéticas musicais - entre eles, Pedro Thiago e Chaya Vazquez, idealizadores e realizadores do projeto “Ritmos da Rua”, que consiste uma série de oficinas virtuais de percussão, voltado a públicos de todos os níveis e idades.
Além de um vídeo educativo (ciclo básico), foram disponibilizadas gratuitamente, entre agosto e setembro, no canal de "Ritmos da Rua" no YouTube, vídeo aulas de sete ritmos, que ganharam nomes criativos pela dupla: Arrochadeira, Carimbé, Cumbeagá, Delírio, Drumi, Guarachera e Swingaton. Com participação dos músicos Alcione Oliveira, Fernando "Feijão" Monteiro e Isabela Leite, os vídeos mostram, de modo didático, o que fazem alguns instrumentos percussivos, tais como surdo, alfaia, xequerê, caixa e timbau.
Potência percussiva e formação carnavalesca
Idealizador de "Ritmos da Rua", o percussionista, compositor e regente de blocos Pedro Thiago destaca a potência da iniciativa no sentido de motivar os batuqueiros do Carnaval de rua a aprender novos ritmos. "O projeto instiga a vontade de aprender novos ritmos, favorecendo o desenvolvimento de técnicas e de novas formas de tocar determinados instrumentos. Para quem chega no carnaval de rua de BH é um material rico para imergir num recorte da cena rítmica dos blocos e adquirir um repertório musical interessante para se jogar nas baterias", diz o artista, conhecido como Petê e atuante em blocos como A Roda, Asa de Banana e Daquele Jeito.
O músico ressalta que, apesar de o bloco Cómo te Lhama!? ser um ponto de convergência de todos os participantes do projeto, alguns ritmos não integram seu repertório e nem o da banda que surgiu a partir de sua criação, a Orquesta Atípica de Lhamas. "Para o bloco e a banda, cada integrante trouxe sua vertente própria, o que resultou em uma força percussiva cheia de nuances sonoras. Mas, para esse projeto, foi preciso recortar bastante e focar nos ritmos que tiveram maior participação dos idealizadores na concepção dos arranjos", explica. "No meu caso, por exemplo, os ritmos Delírio e Suingaton só existem no bloco A Roda; já o terceiro, Arrochadeira, é uma releitura de um gênero bastante difundido na Bahia, transposto para uma instrumentação de bloco bastante inusitada", completa Petê.
Um dos grandes faróis do reflorescimento do Carnaval de rua de BH, a argentina-brasileira Chaya Vazquez acompanhou todo o processo de "Ritmos da Rua", elaborando os demais arranjos e atuando, ainda, na captação e na pós-produção de áudio dos vídeos do projeto. Percussionista, regente de blocos, artista circense e técnica de som, a artista defende que os ritmos escolhidos por ela remetem a tempos anteriores às Lhamas. "Eu, Isabela Leite e Poliana Tuchia trabalhamos com adaptações de ritmos desde o surgimento do Frito Na Hora (orquestra percussiva de improviso por linguagem de senhas, criada em 2009). Portanto, a escolha não se deu por base no repertório do Cómo te Lhama!?, mas por conta do que cada um aprofundou particularmente", afirma.
“Cumbeagá e a Guarachera são adaptações de outros ritmos de países latinos; o Drumi foi uma criação de Lenis Rino (músico fundador do grupo Trovão das Minas, responsável por disseminar o maracatu em Belo Horizonte nos anos 2000); o Carimbó existe na sua tradição e com sua execução própria, que nós adaptamos a sonoridade à instrumentação de rua, o renomeando carinhosamente de Carimbé”, continua a artista. “Trabalhamos com ritmos do nosso prazer e do nosso profundo respeito. É sobre diversificar e compartilhar. Sobre ampliar a visão, sobre captar e registrar a criatividade das ruas e dos seus articuladores musicais, sobre trazer novas sonoridades, sobre se expressar e se refazer”.
O projeto “Ritmos da Rua” é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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