2ª Mostra Arte na Maternidade traz mistura de gerações em três dias de apresentações artísticas em BH
agosto 19, 2023
Evento acontece nos dias 26 e 27 de agosto, e no dia 2 de setembro, com programação que traz shows, intervenções cênicas e visuais, performances e DJs; nomes incluem Ana Cacimba (SP), Elisa de Sena, Bia Nogueira e Lucinha Bosco (SP)
A partir da necessidade de construir espaços que impulsionem e valorizem a carreira de mulheres mães, criando condições reais para o exercício da arte em harmonia com a maternidade, longe de estereótipos sobre os atos de cuidar, a Mostra Arte na Maternidade realiza neste ano sua segunda edição em Belo Horizonte. O evento acontece nos dias 26 e 27 de agosto, sábado e domingo, respectivamente na Associação Cultural Apoema e no Mercado da Lagoinha; e no dia 2 de setembro, sábado, no Baticum Tendinha Cultural.
A programação traz shows, performances, intervenções cênicas e visuais, apresentações circenses e discotecagens, e conta com nomes de diferentes gerações, nacionais – como Ana Cacimba e Lucinha Bosco, ambas de São Paulo – e mineiros, como Elisa de Sena, Kainná Tawá, Bia Nogueira, Déa Trancoso e Dona Jandira. Os ingressos para os dias 26 de agosto e 2 de setembro custam R$10; para o dia 27 de agosto, a entrada é gratuita.
O projeto é idealizado e organizado pelo Movimento Arte na Maternidade (MAM), iniciativa de Isadora Mayrink, Bruna Toledo, Luciana Brandão e Iaci Carneiro– artistas, mães e amigas de Belo Horizonte. Nesta segunda edição, o evento propõe encontros artísticos geracionais entre artistas mais experientes da cena mineira e nacional e mulheres no início da carreira, batalhando por um lugar ao sol, sob uma árdua e comum condição que as obriga a conciliar a arte com outra profissão, além de muitas sobrecargas domésticas.
“Essa ideia que a gente traz de ter uma mulher mais experiente com uma mulher iniciante, no sentido de profissionalização, principalmente para mulheres que conciliam outra profissão, faz parte de uma estrutura colaborativa entre mães e artistas que utilizamos como um viés de fortalecimento do MAM. É problemática a forma como a sociedade lida com a maternidade e o cuidado com as crianças, ao impedir que as mulheres tenham plena capacidade de serem artistas, tanto no sentido de retornar à cena, por causa do tempo disponível, quanto pela forma com a qual os eventos são realizados, quase sempre à noite. Existe uma incongruência entre como acontecem os espetáculos e como acontece a vida doméstica de uma mãe com suas crianças”, diz Bruna Toledo, artista do campo circense.
Programação
Pensando na interseção entre artistas iniciantes e nomes mais consolidados, a abertura da 2ª Mostra Arte na Maternidade acontece na Associação Cultural Apoema, neste sábado, dia 26, reunindo shows de duas revelações da música mineira: Lylah, cantora, luthier e produtora cultural; e a Atlântica Banda, formada em 2020 por integrantes da Roda de Timbau, e liderada pela cantora Ludmila Rodrigues. A festa ainda tem apresentação de Liz Monteiro, Dagmar Bedê e Roseane Corrêa, referências na arte circense de BH, além de uma dobradinha entre as cantoras Bia Nogueira e Déborah Costa, discotecagem da DJ Confusa e intervenções artísticas de Bárbara Amaral.
“A Atlântica Banda está se estruturando, tem um disco gravado, mas tem um lastro profissional recente da Ludmila, que ainda atua como professora de educação infantil. Em contraponto, teremos show da Bia Nogueira, que tem anos de carreira, é idealizadora do Festival Imune, e tem um trabalho bem consolidado na cena mineira”, explica Bruna Toledo.
No domingo, dia 27, os encontros voltam a acontecer, desta vez no Mercado da Lagoinha. A cantora e poeta Karina Marçal mostra seu trabalho dedicado à música brasileira e latino-americana, com influência da musicalidade negra. Já a multiartista Ana Cacimba, de São Paulo, apresenta sua verve quilombola em um som que mistura samba, tambores e grooves eletrônicos. As duas estarão no mesmo palco de Leopoldina, que soma duas décadas de uma sólida carreira solo, com participação ativa no Carnaval de Belo Horizonte, integrando os blocos Pena de Pavão de Krishna, Juventude Bronzeada e Andacunfé.
“No segundo dia de apresentações, repetimos a proposta dos encontros. A Karina Marçal, cantora, mulher, musicista, que é mãe, mulher preta, mas não consegue viver só de música ainda. É a mesma situação da Ana Cacimba. E aí teremos a Leopoldina, que já é uma pessoa com atuação multifacetada na cena da cidade, com uma carreira bem estruturada ao longo de 20 anos”, diz Bruna Toledo.
A cereja do dia será o show de Elisa Sena, cantora que teve em seu primeiro álbum autoral, “Cura” (2019, Natura Musical), participações luxuosas de Maurício Tizumba e Luedji Luna. No show, Elisa convida a MC mineira Kainná Tawá. Dançarina e artista circense, a jovem enveredou pelo universo do rap em 2013 e, desde então, não parou mais. Kainná tem um EP gravado, “Canto em Verso” (2022), e chegou a morar uma temporada na Bahia, onde abriu um show de Black Alien, além de ter dividido o palco com importantes nomes da cena mineira, como Tamara Franklin e Bloco Chama o Síndico. A discotecagem do dia fica por conta de DJ Confusa e as intervenções poéticas são assinadas por Zi Reis e Ludmila Rodrigues.
“Tarde das Avós”
Fechando a 2ª Mostra Arte na Maternidade, no sábado seguinte, dia 2 de setembro, haverá uma homenagem para artistas e mães pioneiras em construir carreiras artísticas, mesmo sob as adversidades e opressões de uma sociedade responsável por privar historicamente as mulheres a seus direitos básicos. O dia carinhosamente chamado de “Tarde das Avós” vai apresentar no palco do Baticum shows de Dona Jandira e Lucinha Bosco. Enquanto Dona Jandira, alagoana radicada em Belo Horizonte, iniciou uma carreira musical aos 64 anos e hoje é considerada uma das principais intérpretes do cancioneiro clássico popular no país, Lucinha Bosco, de 76 anos, participou do programa “The Voice” (2022), em edição do reality da Rede Globo dedicada a revelar talentos musicais da terceira idade.
Abrindo as homenagens da “Tarde das Avós”, a cantora e compositora Déa Trancoso faz um show solo intimista. Influenciada por seresteiros, congadeiros e foliões do Vale do Jequitinhonha, a artista desenvolve um trabalho que passeia por expressões populares regionais, como o coco, o catimbó, o lundu, o maracatu e a moda de viola, e tem parcerias com nomes como Chico Lobo e Chico César, além de ter sido regravada por intérpretes do calibre de Ná Ozzetti e Mônica Salmaso.
“A ‘Tarde das Avós’ realiza de forma concreta não só uma homenagem às mulheres que lutaram pelas suas carreiras artísticas. Se hoje é difícil ser artista mãe, imagina isso na década de 1980? É um dia de homenagem, mas é um dia de reconhecimento de que há muitas gerações essa situação se repete: as mulheres são sobrecarregadas pela exclusiva responsabilidade de cuidados. Com o MAM, queremos que elas também possam investir nas próprias carreiras”, diz Toledo.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio da Blip.
SERVIÇO | 2ª Mostra Arte na Maternidade
Sábado, 26/8 - Associação Cultural Apoema (Rua Arthur de Sá, 380 - União)
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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