Maria Lucas apresenta a experiência cênica ‘Próteses de Proteção’ pela primeira vez em São Paulo, dias 14 e 15 de julho, no Sesc Ipiranga
julho 06, 2023
A artista trans adapta seu premiado texto, vencedor do concurso de ensaios da Revista Serrote, do Instituto Moreira Salles, para o formato cênico, com direção de Wallie Ruy
O texto ensaístico da artista e escritora trans Maria Lucas, que busca refletir sobre a historicidade dos corpos trans em sociedade a partir da própria experiência da autora em meio à pandemia de covid-19, “Próteses de Proteção”, será apresentado pela primeira vez em São Paulo, no formato de leitura-performativa ou experiência cênica, nos dias14/07, sexta, às 21h30; e 15/07, sábado, às 18h30, no Sesc Ipiranga. A direção é da multiartista Wallie Ruy.
“Próteses de Proteção” é uma leitura-performativa que dá voz às mulheres trans e travestis brasileiras, abordando as violências diárias enfrentadas por seus corpos. Combinando escrita e performance, Maria Lucas utiliza um cenário simples, um computador onde ela redige ao vivo seus textos, cadeiras e um celular onde faz uma live interativa com o público do teatro e de fora dele.
A leitura dá voz e espaço às mulheres trans e travestis brasileiras que, através de Maria, ecoam as violências diárias às quais seus corpos são submetidos. Essas violências não são resultado de sua identidade como pessoas transgêneras, mas sim da transfobia estrutural que afeta e oprime a população trans no Brasil, um país com alta incidência de assassinatos dessa comunidade.
Mesclando teoria de gênero a memórias pessoais, “Próteses de Proteção” sagrou-se vencedor do concurso de textos ensaísticos do Instituto Moreira Salles em 2020 e foi publicado pela Revista Serrote no mesmo ano, tornando Maria, que é autora dos livros “Esse Sangue Não é de Menstruação, mas de Transfobia” e “Mais Uma Casa de Bonecas”, a única pessoa trans vencedora do renomado concurso.
A SOLIDÃO DA MULHER TRANS
Transpondo o texto publicado há três anos, e que ela nunca havia lido até então, para um formato teatral, Maria Lucas compartilha com o público alguns aspectos pessoais da sua existência enquanto mulher trans:
“É uma escrita oriunda de um diário e de vivências muito violentas. Vivências estas que eu e outras mulheres trans e travestis vivemos diariamente neste país”, afirma Maria.
Para segurar sua mão e dirigi-la, Maria convidou Wallie Ruy, atriz e professora de teatro de São Paulo e que recentemente teve seu trabalho “Wonder!! Vem pra Barra Pesada”, sobre vida e obra da multiartista travesti Claudia Wonder, indicado ao Prêmio Shell na categoria MÚSICA. Para as duas, é de extrema importância a aliança de artistas trans femininas.
“Próteses de Proteção" é um experimento cênico que explora alegoricamente as muitas camadas das máscaras físicas, emocionais e sociais que as pessoas transvestigêneres usam como armaduras e a maneira como são atravessadas, para se protegerem contra as múltiplas violências e adverCISdades ao longo de toda sua história e vida. Através do ensaio dramaturgico e atua-ação de Maria Lucas, percorreremos um "novo tempo de transmutações" apontando para um período de transformações profundas e libertadoras de autocoroação”, diz Wallie Ruy, diretora artística do projeto.
ENSAIO LEVADO AO PALCO
A experiência cênica, que foi apresentada anteriormente no Festival Midrash de Teatro, RJ, só começa a acontecer agora por motivos mais do que artísticos: pessoais. Para Maria, o trabalho veio somente agora, pois enfim ela consegue se distanciar do tempo em que escreveu o ensaio e de todas as circunstâncias que a atravessavam naquele momento. Além do texto, considerações da própria autora e experiências cênicas a partir de seus escritos estarão no palco em um trabalho que mescla realidade e ficção, história e política, assim como teatro e performance:
“Não quero qualificar o trabalho em alguma linguagem específica, é uma experiência inicial e em estado de criação, assim como o gênero do texto… é um ENSAIO, um convite ao público a conhecer o meu universo”, conclui Maria Lucas.
No fim da performance, a artista estará autografando seus livros já publicados: “Esse Sangue Não é de Menstruação, mas de Transfobia” e “Mais Uma Casa de Bonecas”, que também serão vendidos no próprio teatro.
SINOPSE:
“Próteses de Proteção” é um ensaio escrito pela atriz e escritora Maria Lucas, que mescla histórias pessoais com teorias de gênero e foi ganhador do prêmio de textos ensaísticos pelo Instituto Moreira Salles e publicado na Revista Serrote em 2020. Trazendo sua vivência quanto uma mulher artista e trans em meio à quarentena devido a pandemia de covid-19, a artista traz à cena uma leitura com considerações suas, ampliando o olhar alguns anos após o texto ser escrito e publicado.
SOBRE MARIA LUCAS:
Maria Lucas é uma artista trans do Rio de Janeiro. Atualmente doutoranda em artes pela UERJ, atua como atriz, performer e escritora. Ganhadora do 3º Prêmio de ensaísmo do Instituto Moreira Salles com “Próteses de Proteção”, é integrante do Pandêmica Coletivo Temporário de Criação (indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2023 na categoria “Energia que vem da Gente”). Maria vem lançando livros da “Trilogia D´Ela”, uma trilogia auto-ficção publicada pela editora Urutau no Brasil, Galícia e Portugal, além de colaborar em outras publicações. No teatro, recentemente foi atriz em “Como Se Livrar de um Cadáver” (Sede das Cias, RJ) e diretora assistente em “Eu Capitu” (CCBB-RJ e Caixa Cultural Recife). Neste segundo semestre será professora da ESAD (Escola Sesc de Artes Dramáticas) e, em breve, realizará seu primeiro trabalho como atriz em um filme de longa metragem.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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