Karingana – Presenças Negras nos Livros para as Infâncias, celebra o pertencimento e a altivez racial por meio da arte gráfica de 47 ilustradores de diversas regiões do Brasil

julho 15, 2023

Em cartaz no Sesc Bom Retiro, a mostra coletiva reúne a pluralidade de quase cem trabalhos, além de oficinas, bate-papos e contação de histórias, atividades que promovem a interação entre crianças e adultos e contribuem para uma educação antirracista, promovendo diálogos sobre as identidades e suas diferenças

Raquel Trindade - ILUSTRAÇÃO DE BÁRBARA QUINTINO NO LIVRO MEU NOME É RAQUEL TRINDADE ESCRITO POR SONIA ROSA, DA EDITORA ZAHAR, 2023

Entre 15 de julho de 2023 e 28 de janeiro de 2024, o Sesc Bom Retiro será palco de um representativo recorte da produção de ilustradores negros e negras dedicados à ilustração de títulos da literatura brasileira contemporânea voltada a todas às infâncias.


Reunindo 92 trabalhos de 47 autores, a exposição Karingana - Presenças Negras no Livro para as Infâncias integra a programação de atividades do Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para a Molecada, que segue aberto ao público, também no Sesc Bom Retiro.


A programação de abertura acontece no dia 15 de julho, sábado, às 11h e contará com diversas atividades, dentre elas um bate-papo com os ilustradores Carol Fernandes, Josias Marinho e Rodrigo Andrade com mediação e apresentação da exposição pela cocuradora Ananda Luz.


Instalada no segundo andar do Sesc Bom Retiro, a exposição oferece ao público uma imersão no universo lúdico infantil e potencializa os propósitos caros ao festival: a celebração das culturas afro-brasileiras e da diversidade na infância, com a promoção de reflexões sobre negritude, ancestralidade, pertencimento e antirracismo.


Idealizada pelo Sesc, com cocuradoria de Ananda Luz, mestra em Ensino e Relações Étnico-Raciais e pedagoga, a exposição transborda ancestralidade desde a expressão escolhida para nomeá-la. Karingana, palavra de origem moçambicana da língua ronga, é parte de um diálogo entre quem conta a história e quem a escuta. Quem conta, fala “Karingana ua Karingana”. E quem deseja ouvir a história, diz “Karingana”.

 

“Não é pergunta e resposta. É um convite para o ouvir e acolhida para o contar. É um movimento lúdico e coletivo, no qual as histórias contadas, por serem parte da vida, tornam-se vivas em cada pessoa que faz parte dessa roda. Por isso, as histórias não têm fim. Reverberam na coletividade”, explica Ananda.

 

A concepção da exposição Karingana - Presenças Negras no Livro para as Infâncias, explica a cocuradora, foi alicerçada em princípios como circularidade, ludicidade, ancestralidade e comunitarismo, valores civilizatórios afro-brasileiros defendidos pela pensadora Azoilda Loretto da Trindade (1957-2015). No contexto da sanção da Lei 10.639, que em 2003 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História da África em todo o currículo escolar do Brasil, Azoilda foi idealizadora do projeto educativo A Cor da Cultura, difundido em todo o país por meio de materiais audiovisuais e ações culturais e educativas que visam práticas positivas e de reconhecimento e preservação das culturas afro-brasileiras.


Para Ana Luísa Sirota, gerente adjunta do Sesc Bom Retiro, um dos balanços positivos da aplicação da Lei 10.639, que agora completa duas décadas, pode ser percebido no mercado editorial voltado às infâncias negras. “Houve uma sensível ampliação do número de publicações de alguma forma dedicadas a questões étnico-raciais ou pautadas pela representatividade em sua autoria nos últimos 20 anos”, diz.


Percepção compartilhada pela cocuradora da mostra que, nos últimos anos, tem focado suas pesquisas sobre esse segmento da produção literária contemporânea e atesta que essa pluralidade representativa de autores segue em expansão.


“É fato que o grande ‘bum’ do mercado editorial é na região Sudeste, mas há muita produção acontecendo em diversas regiões do país. Temos na mostra, por exemplo, um livro ilustrado pela Bárbara Quintino, Menina Nicinha, que foi fruto do projeto Lendo Mulheres Negras de Salvador, criado pela autora Evelyn Sacramento. Também temos o Cau Gomez, que ilustrou o livro Atchim!, escrito pelo Miró e publicado pela editora pernambucana CEPE. Então há diversidade e há publicações por todo o país. Mas temos de fazer também algumas perguntas quanto a criação, circulação e mediação de livros para as infâncias de autoria negra e nas ilustrações: as editoras estão atentas aos portfólios? Eles e elas estão nas grandes, pequenas e médias editoras? Para quais temas as editoras convidam ilustradoras e ilustradores negros?”, provoca.

 

Circularidade e Dupla Recepção

 

A montagem do espaço expositivo e a própria disposição das obras da mostra Karingana - Presenças Negras no Livro para as Infâncias compõem um mosaico de diferentes técnicas, linguagens e significados, promovendo uma experiência que parte do ponto de vista da própria criança em uma vivência naturalmente aliada ao público adulto, segundo o conceito de Dupla Recepção, que também sinaliza a produção do livro ilustrado contemporâneo voltado ao público infantil.


Instalações criadas a partir de 4 ilustrações ampliam a experiência lúdica da exposição. Dando asas à intuição tão característica das crianças, o percurso de circularidade da mostra pode ser feito por qualquer uma das duas entradas do espaço expositivo, que também contempla recursos de acessibilidade como audiodescrição, recursos táteis e libras.

A mostra instalada no 2º andar do Sesc Bom Retiro se estende para a Biblioteca possibilitando interações com o espaço e convida o público para participar de atividades como oficinas, cursos, bate-papos, mediação de leitura e contação de histórias.


Ao provocar essa interação lúdica entre crianças e adultos, a exposição busca contribuir para o letramento racial e uma educação antirracista, criando elementos e caminhos para a construção de diálogos sobre as identidades e suas diferenças, por meio do encantamento imagético das ilustrações e da potência imaginativa da literatura.


A exposição tem projeto expográfico da arquiteta Francine Moura, coordenação educativa de Iliriana Rodrigues, acessibilidade de Karen Montija e design gráfico desenvolvido por Will Nunes e Rodrigo Andrade.

 

SERVIÇO

Karingana - Presenças Negras no Livro para as Infâncias


Sesc Bom Retiro

Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos, São Paulo - SP, 01216-000

 

Abertura

15 de julho, sábado, às 11h

 

Visitação

15 de julho de 2023 a 28 de janeiro de 2024

Terça a sexta, das 9h às 20h (exceto 21 de novembro)

Sábado, das 10h às 20h.

Domingo e feriado, das 10h às 18h

Espaço Expositivo. Grátis. Livre

 

Agendamento de Grupos

agendamento.bomretiro@sescsp.org.br

 

Recursos de acessibilidade

Audiodescrição, Recursos Táteis e Libras.

 

ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO - (Vagas Limitadas) 

O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais, carros de baixa emissão, carros elétricos e bicicletas. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.   

Valores: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional (Credencial Plena). R$ 12 a primeira hora e R$ 3 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos à noite R$ 7,50 (Credencial Plena). R$ 15 (Outros).   

Horários: Terça a sexta: 9h às 20h. Sábado: 10h às 20h. Domingo: 10h às 18h. IMPORTANTE: Em dias de espetáculos o estacionamento funciona até o término da apresentação.   

  

TRANSPORTE GRATUITO 


O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito partindo da estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz. Horários: Ida > Quinta a sábado, 17h30 às 19h50. Domingos, 15h30 às 17h50. Volta > Ao término do espetáculo de volta à Estação Luz.




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