Idealizado pela Caseiras Produções e selecionado pelo Programa Petrobras Cultural, o filme é dirigido e animado por Nicole Schlegel e o co-roteiro é de Marcela Andrade
Com pré-lançamento previsto para 8 de julho, o curta-metragem Maréu, dirigido e ilustrado por Nicole Schlegel e com co-roteiro de Marcela Andrade, tem sessão exclusiva no Arte Sesc. O filme, com classificação livre, retrata a aventura de Maréu, uma criança em pleno desenvolvimento de sensibilidades a partir de animação mista, em 2D tradicional e a tecnologia stop-motion. A estreia acontece no YouTube, no canal da Caseiras Produções, ainda neste mês.
Na animação, destinada à primeira infância, Maréu - personagem que dá nome ao curta - tem uma grande concha que faz som de mar. Ela só consegue dormir escutando o som das ondas. Contudo, em um dos sonhos, as ondas do Mar se agitam. A concha cai no chão e se quebra, gerando um conflito: como reencontrar a segurança para dormir? Maréu inicia uma aventura de amadurecimento: busca no mar uma nova concha.
A história é inspirada nas memórias e brincadeiras de infância da diretora Nicole Schlegel. “Era assim: eu catava muitas conchinhas, mas só as podia levar para casa se o mar me deixasse escrever até o final a pergunta na areia "- Posso levar?". Se ele, com suas ondas, apagava a pergunta antes de eu terminar de escrever, eu devolvia as conchinhas para ele. Se eu era rápida o suficiente e escrevia até o final antes da onda chegar, podia levar as conchinhas pra casa - era só alegria!”, compartilhou.
Entre a interação terra, folha, pedra, concha, bambu, que a criadora do filme aprendeu a olhar para si mesma e ao seu redor. Segundo ela, através da busca por essas memórias e o contato tátil estabelecido entre a natureza e o outro que criam-se conexões. No filme, a diretora resgata a urgência do espaço-tempo ao ar livre para brincar:
“Meu objetivo com esse filme é fazer com que crianças saiam da frente da tela para irem brincar com elementos da natureza. Esse território fértil da imaginação, no qual todo e qualquer objeto pode ser ressignificado. Onde nos encontramos ativos na escuta e no fazer.”
Outro aspecto em alerta para os pais é a problematização e exposição às telas. “Como diretora de cinema de animação e mãe de uma criança em idade pré-escolar matriculada no município do Rio de Janeiro, observo a necessidade de produções que sejam em si um convite para a natureza.” acrescenta. Diante de brincadeiras com o mar, a diretora ainda conta como serviu para refletir suas perdas bem como vivenciar as transformações de humor: a calmaria, a raiva, a reconciliação. “É nessa interação constante com objetos que se fortalece e cria o imaginário para enfrentar as situações da vida adulta”, finaliza.
O projeto participou da Chamada Petrobras Cultural para Crianças, voltada para animações infantis, tendo sido selecionado entre os mais 490 projetos inscritos, que contaram com o patrocínio da empresa para produzir curtas-metragens e disponibilizá-los para o público em canais na internet e serviços de streaming.
Detalhes sobre o filme
No curta, a personagem Maréu animada em 2D tradicional, interage com conchas físicas, animadas em stop motion. O mar e o céu são construídos de projeções de imagem sobre tecido translúcido: o diálogo que Maréu estabelece com o Mar e o Céu, promove o contato com o sublime - uma vez que incentiva conversas lúdicas com essas representações. Para trazer o território do livre brincar para a região costeira, adentrou-se o sertão e suas cantigas populares, bebendo do movimento armorial na trilha sonora, criando melodias análogas às tão familiares canções de roda, sem perder a atualidade.
Sinopse
Maréu tem uma concha do mar bem grande e só consegue dormir com ela perto do ouvido. Quando a concha cai e se quebra, a criança busca ajuda do Mar e do Céu para reencontrar o som das ondas e, consequentemente, um sono mais tranquilo.
Projeções: Antonia Muniz, Beatrice Catarine e Nicole Schlegel
Motion Design: Antonia Muniz e Lou Bustamante
Animação 2D Tradicional:
Design de Personagens e Ilustrações: Nicole Schlegel
Animação: Danila Ribeiro, Flávia Godoy, Nicole Janér, Nicole Schlegel, Nina Pinho, Sol Soares Lacerda e Thalyne Chrystyna
Clean Up: Flávia Godoy, Julia Balthazar, Luma Branco, Nicole Janér, Nicole Schlegel, Thalyne Chrystyna e Toni Soares
Stop Motion:
Construção de Cenários: Antonia Muniz e Beatriz Lima
Direção de Fotografia: Beatriz Lima
Animação Stop Motion: Antonia Muniz
Clean Up: Ana Clara Mendonça
Sobre a Diretora do filme
Nicole Schlegel é ilustradora e animadora nascida no Rio de Janeiro em 1992, formada em Design de Mídia Digital pela PUC-Rio; pesquisa a construção do instante narrativo em animações. Seu trabalho é voltado para a infância e natureza. Como artista, contribuiu com instalações para o campo de projeção mapeada em superfícies orgânicas e trabalha com projeção em peças teatrais.
Foi membro do N.A.D.A. (Núcleo de Arte Digital e Animação da PUC-Rio) coordenado por Claudia Bolshaw e Marcos Magalhães onde animou o primeiro curta brasileiro em Full Dome para o Planetário do Rio de Janeiro “Buga Buga, em uma Noite de Lua Nova” e dirigiu “Max e Sam”. Foi contemplada com o prêmio de 3º Lugar na Maratona Animada Senai do Animamundi com o curta “Alguns Estilos Cariocas” 2014. Desenhou o storyboard da série “Mitopédia”, do Canal Futura. Desenvolveu vinhetas de animação e motion para os programas: “Meu Momento Futura”; “Conexão Trello”; e “Agora é Que São Elas”.
Nessa brincadeira entre animação, criança e natureza, acabou no meio cênico com as instalações e peças “O Espaço entre Nós” de Hélio Rodrigues, “Ana Memória Maria Fumaça” de Marcela Andrade (projeto com o qual foi premiada no CBTIJ na categoria de Projeção Cênica 2019), “Qual é Meu Nome Mamãe” de Vida Oliveira (também indicado na mesma categoria) e “Como Criar Nossos Filhos no Século XXI” palestra de Daniel Becker e Flávia Reis. Hoje é diretora do curta Maréu e desenvolve o projeto “maternilustra” de ilustrações sobre diferentes situações da maternidade. Paralelamente, atua como assistente de produção na emissora de TV pública alemã ZDF.
A proposta da Caseiras Produções Culturais está no próprio nome: a realização de projetos de forma artesanal. Em seus projetos, busca-se especialmente a brasilidade, inovação e atualização de conteúdos relevantes e históricos. Tem como missão difundir as culturas brasileiras e democratizar o acesso a todos os tipos, linguagens e gêneros artísticos. A Caseiras atua em diversos ramos culturais, principalmente teatro, música e audiovisual e seus projetos sempre contam com forte presença de módulos de formação e oficinas.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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