Lançado em 2016, por meio do apoio da Fundação Hermann Hering, a Trama Afetiva, por meio de palestras, workshops, publicações e documentários, reuniu uma consistente e inédita plataforma relacionada à economia afetiva, com ênfase na inclusão e diversidade do potencial humano dentro da indústria de moda e design, disponibilizando esse conteúdo, gratuitamente, para acadêmicos, estudantes, pesquisadores e profissionais do setor.

“Nosso principal propósito é promover ações práticas e efetivas, posicionando-nos como uma célula de aprendizado e possibilidades sobre novos processos criativos e produtivos sustentáveis que valorizam o potencial humano de maneira inclusiva e diversa”, destaca Jackson Araujo, diretor criativo da Trama Afetiva e pesquisador especializado nos estudos sobre Economia Afetiva, termo que cunhou em 2014 sob a perspectiva de reinvenção do mercado pela valorização dos ganhos coletivos nas relações de criação, produção, venda e consumo, para ser catalisadora de interações orientadas pelo respeito, empatia e complementaridade.

“Queremos potencializar a diversidade como força motriz da criação de soluções simples para problemas complexos, principalmente os gerados pelas desigualdades sociais e o descaso da sociedade com seus resíduos”, completa Araujo.

Na última edição, por exemplo, Jackson destaca a “Oficina Trama”, que estimula a pesquisa e novas formas de utilização de náilon de guarda-chuva obtido na triagem de lixo seco pela Revoada, plataforma de moda sustentável criada pela designer Itiana Pasetti. Em parceria com a Escola Ponto Firme do estilista Gustavo Silvestre, criada para profissionalizar e socializar egressos e egressas do sistema penitenciário, foram realizados encontros criativos, com a participação de mulheres egressas do sistema prisional e pessoas trans em situação de vulnerabilidade social, para o compartilhamento de aprendizados em técnicas de crochê.

A atividade, que demandou 33 mil metros de fitas de nylon ressignificadas de 800 guarda-chuvas, utilizados em 3 dias de oficina, gerou uma tecitura coletiva - uma grande tapeçaria de parede com 9 m² -, que será o grande destaque de exposições programadas para acontecer no mês de outubro em quatro diferentes unidades do SESC, em São Paulo, sobre os resultados obtidos nessa edição da Trama Afetiva. Posteriormente, além de participar da exposição inaugural da programação 2023 da Fundação Hermann Hering, a peça será incluída no acervo permanente da instituição.

“Sem dúvida, essa atividade é o mais perfeito reflexo dos conceitos que regem a Economia Afetiva ao valorizar a coletividade e a diversidade para promover a inclusão”, destaca Jackson Araujo. “Para o público-alvo, egressas e pessoas trans, o crochê é muito mais que uma possibilidade de fonte de renda mas, sim, um processo de autocuidado que possibilita um espaço de fala sobre questões íntimas como violência, exclusão e invisibilidade”. Para o especialista, “a principal estratégia para a inclusão é se colocar no lugar de escuta e, como ser político, cuidar de si e dos outros”.

A Trama Afetiva 2022 também contou com 4 painéis online, gratuitos e com certificação de participação para estudantes emitida pela Fundação Hering, focados em temas produtivos e comportamentais e ações inclusivas, colaborativas e sustentáveis inovadoras dentro da cadeia produtiva de moda e design.

Day Molina (designer indígena da marca Nalimo), Gabriela Alves (cientista social da Perifa Susntentável) e Marcita Amores (coordenadora da Cooperativa Libertas de mulheres sobreviventes ao sistema prisional), sob a mediação de Paloma Gervasio Botelho (diretora de racialidade da Trama Afetiva), abordaram as “Novas Feminilidades”, com discussões sobre ações para a construção de pontes, soluções e oportunidades sobre equidade de gênero que visam a transformação de vidas, a independência financeira e a autoestima.

No painel “Preta Moda”, a stylist Rafaela Pinah e a estilista Mônica Anjos, sob mediação de Paloma Gervasio Botelho, protagonizaram uma conversa sobre a intersecção da negritude, da moda, da política e da justiça social e o aquilombamento como estratégia estética para ocupar espaços e combater o racismo.

As designers Marcia Ganem e Flávia Vanelli, mediadas por Amelia Malheiros (consultora sobre gestão da Fundação Hering), compartilharam suas experiências e as possibilidades das “Matérias Primas” dentro do contexto de criação de oportunidades e geração de valor a partir do envolvimento de designers, artesãos, cientistas e comunidades tradicionais no processo produtivo sustentável.

Com mediação da jornalista Lari Mariano, a designer Nath Cordeiro e a artista plástica Roberta Holiday participaram do painel “Corpos em Movimento”, que discutiu planos para um mundo plural que exige constantes mudanças nas estruturas sociais e profissionais, além da construção de ferramentas que possam promover uma real inclusão dos diferentes aspectos e necessidades das pessoas com deficiência.

Todo material produzido e discutido na Trama Afetiva 2022, assim como das edições anteriores - que compõem o maior acervo brasileiro sobre Economia Afetiva e colaborativo sobre Economia Circular -, encontra-se disponível nas plataformas digitais e acervo da Fundação Hermann Hering.

“A cada edição, damos um passo para a construção de um mundo mais igualitário e inclusivo por meio de um espaço que prioriza os valores sociais, sustentáveis e ambientais e coloque a diversidade do capital humano brasileiro como protagonista”, finaliza Araujo.  

TRAMA AFETIVA – “O Novo Inteiro”

A versão 2022 da Trama Afetiva é viabilizada pelo PROAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Patrocínio: Cia. Hering

Apoio: Fundação Hermann Hering

Mais informações: @trama_afetiva