Neste domingo (18): Leandro César faz show de "Arquitetura dos Sons” no Parque Ecológico Burle Marx
setembro 14, 2022
Artista mineiro construiu vários instrumentos para o novo trabalho, propondo novas ocupações de espaços e experiências sonoras; primeira apresentação em local aberto acontece neste domingo, 18/9, com participação de Marcela Nunes
Para além da busca de novos sons, a partir da construção de instrumentos musicais autênticos, o artista mineiro Leandro César, compositor e construtor de instrumentos e esculturas sonoras, decidiu compor também inspirado pelas distintas possibilidades – não apenas acústicas – que os palcos podem disponibilizar ao artista. Impulsionado por essa ideia, fruto de uma imersão artística em Portugal, Leandro dá sequência às apresentações, em Belo Horizonte, do show do disco “Arquitetura dos Sons”, lançado em formato físico no Japão pelo selo Spiral Records, e disponível também nas plataformas de streaming. (ouça aqui).
O próximo show será neste domingo (18/9), no Parque Ecológico Burle Marx, no Barreiro, e é o primeiro ao ar livre da série, com entrada gratuita mediante retirada de ingressos. O espetáculo é conduzido por instrumentos construídos pelo próprio artista e promete alguns aperitivos surpresa das elaboradas maneiras pelas quais Leandro César vem arquitetando música. Além do trio que acompanha o artista – formado por Natália Mitre (marimbas e percussão), Matheus Ribeiro (acordeon) e Jayaram Márcio (violoncelo) –, os shows de “Arquitetura dos Sons” também contarão com participações. No Parque Ecológico Burle Marx, a convidada será Marcela Nunes (flauta).
Há mais de 15 anos, o músico mineiro se dedica a pesquisar, desconstruir e inventar sonoridades e instrumentos. O artista trabalhou por seis anos com o renomado grupo UAKTI, sendo responsável pela manutenção dos instrumentos nas turnês pelo Brasil, Estados Unidos e Europa. Após lançar cinco discos, Leandro César concebeu “Arquitetura dos Sons” ainda em 2015, durante um projeto imersivo de três meses no centro cultural Musibéria, na região portuguesa de Alentejo. Para além do ofício de luthieria, dedicado a construir os próprios instrumentos, principalmente marimbas, o novo trabalho de Leandro César investiga a música de forma mais ampla, a partir de três pilares complementares.
“O primeiro desses pilares é a arquitetura do próprio instrumento, a sua forma e seus materiais, de alguma forma eles propõem uma arquitetura, têm uma personalidade. O segundo parâmetro tem a ver com a ocupação do espaço: onde esses instrumentos são ser tocados e performados, ou seja, como os lugares vibravam não só do ponto de vista acústica, mas da perspectiva da proposta visual também. A ideia era ter uma experiência de fruição musical diferente. O público não estaria somente mais no lugar passivo, sentado, ou de frente para o músico”, afirma o artista mineiro.
Do disco ao show
Em Portugal, Leandro César apresentou no Centro Cultural Musibéria o primeiro concerto de “Arquitetura dos Sons”, ainda tateando o que viria a ser o disco e a estética do show. A partir dessa experiência, o trabalho foi gravado, produzido e conduzido pelo artista de forma quase solo, com registros em Portugal e em Belo Horizonte. As gravações tiveram participaçõesdos músicos Eurico Miranda, responsável por explorar a sonoridade do chori rouco; e Saulo Giovannini, que interpreta as marimbas de cerâmica, ambos instrumentos construídos por Leandro César. As músicas se tornaram um disco homogêneo a partir do convite da gravadora Spiral Records, responsável pela mixagem e masterização realizadas no Japão.
“Eu já vinha tendo meu trabalho circulando por lojas de discos no Japão, tenho uma inserção por lá. Estavam fazendo uma reportagem sobre meu trabalho solo. Essa matéria abriu caminho para o convite da Spiral Records. Eles se interessaram e entraram em contato, alguns meses depois, já me fazendo uma proposta. Pediram para eu trazer músicas novas para o disco, sugeriram algumas coisas que gostei bastante. O material de Portugal continha um grau de um experimentalismo muito grande e fui lapidando isso”, explica Leandro César.
O disco é composto por oito músicas, todas composições de Leandro César. As obras transitam entre os universos oníricos, como a ambientação espacial de “Éter”, propiciada por um instrumento chamado ronda, tocado com uma manivela, e composto por nove cordas que reproduzem um acorde e são friccionadas por um arco; até referências mais orgânicas, como uma espécie de recriação sonora do caminhar de uma boiada atravessando matas e rios, a partir da sonância de soprais e de marimbas de cerâmica e de madeira.
“A ronda é o instrumento que abre o show e retorna mais adiante, na música ‘Dream’. Ela tem a capacidade de gerar um ambiente onírico e de suspensão. Já na música ‘Berra-Berro’, usamos a combinação das marimbas e dos soprais. E esses soprais, junto ao violoncelo e à sanfona, vão compondo o coral”, adianta.
Aproveitando a efervescente retomada da produção cultural, a ideia dos shows do álbum “Arquitetura dos Sons” é ofertar, em cada palco escolhido, uma experiência distinta, explorando as potencialidades dos diferentes espaços que abrigam a música, sejam teatros, centros culturais ou mesmo apresentações ao ar livre. “Desde o nascimento do trabalho em Portugal, o concerto tal qual o repertório, evoluiu muito. Estou planejando algumas surpresas, vou propor a ocupação do espaço de forma diferente em cada um dos lugares. Mas dentro das possibilidades de cada um, claro. Por isso, a maior parte do concerto será no formato tradicional, com palco. E, quando possível, vou exercitar o formato que mais gosto de fazer, que é com os músicos no meio e o público envolta”, ressalta.
Sobre Leandro César
Leandro César é artista, músico, construtor de instrumentos e esculturas sonoras. Seu trabalho percorre o desenvolvimento de instalações sonoras à criação musical contemporânea e experimental, passando pela música instrumental brasileira com profundo interesse e pesquisa na cultura popular e tradicional. Tem formação em Música pelo Centro de Formação Artística (CEFAR), da Fundação Clóvis Salgado, e realizou residências artísticas nos Estados Unidos, Portugal e no Brasil. Foi duas vezes finalista do Prêmio BDMG Instrumental (2012 e 2017) e trabalhou por seis anos com o grupo UAKTI (2010-2016), na manutenção e construção de instrumentos, em turnês e oficinas. A experiência com um dos mais importantes grupos do gênero no mundo, deu a Leandro a possibilidade de aprendizado única com seu mentor e maior referência, Marco Antônio Guimarães.
A pesquisa do músico Leandro César acerca de novos instrumentos começou há mais de dez anos, quando ainda era estudante de Mecânica no CEFET-MG, trabalhando no laboratório de Ciência dos Materiais, onde começou a visualizar novas possibilidades de mecanismos e matérias primas para instrumentos musicais. De lá pra cá, construiu cerca de 50 novos instrumentos, muitos desses orientados por Marco Antônio Guimarães, explorando sistemas como sopro, cordas, percussão e máquinas sonoras.
Além de “Arquitetura dos Sons” (2019/2020), Leandro César é autor de cinco discos: “Diapasão” (2011), “Urucum na Cara – À Beira do Dia” (2012), “Ilumiara” (2015), “Marimbaia” (2017) e “Revoada” (2017), este último em parceria com Irene Bertachini. Leandro também colaborou em diversas trilhas sonoras para dança, teatro e cinema, além de ter trabalhos como produtor, arranjador e compositor assinados em parceria com artistas como Nuno Ramos, Thiago Amud, Irene Bertachini, Makely Ka, Di Souza, Deh Mussulini, Coletivo ANA, Rafael Dutra, entre outros.
SERVIÇO.
Show do álbum “Arquitetura dos Sons”, de Leandro César
Onde. Parque Ecológico Burle Marx
(Avenida Ximango, 809, bairro Flávio Marques Lisboa)
Quando. Dia 18/09, domingo, às 11h
Quanto. Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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