Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio: conscientização da saúde mental e gerenciamento do estresse podem salvar vidas

setembro 07, 2022

Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (WSPD), comemorado anualmente em 10 de setembro, é organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


A cada 40 segundos, alguém perde a vida por suicídio. Um estudo que examinou o comportamento suicida durante o lockdown do COVID-19 na Índia pelo 'International Journal of Mental Health Systems' encontrou um aumento de 67,7% nos relatos da mídia on-line sobre comportamento suicida. Em comparação com 2019, os suicídios relatados durante o lockdown foram de indivíduos significativamente mais velhos, com maior probabilidade de ter entre 31 e 50 anos. 


No primeiro ano da pandemia em 2021, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado pela (OMS). As preocupações com possíveis aumentos para 2022, levaram 90% dos países a incluírem programas de apoio à saúde mental e psicossocial. Assim fazendo um Chamado de alerta a todos os países para intensificar os serviços e apoio de saúde mental. 


Dr. Higor Caldato (@drhigorcaldato) - médico psiquiatra e sócio da clínica Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) com especializações em psicoterapias e transtornos alimentares, diz que o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é um dia de conscientização, que vem todos os anos com o objetivo de reforçar a conversa sobre o suicídio e mostrar que a prevenção e recuperação dessas pessoas é possível, e ele é um dos profissionais que se mobiliza sempre para falar sobre o assunto através de um olhar direcionado para a psicoeducação.


Houve um aumento significativo nos casos de ansiedade e depressão observado em consultório, durante e pós pandemia. Dr. Caldato, ressalta: “os transtornos mentais sempre estiveram presentes, só pioraram após a pandemia. Além disso, notamos que as pessoas se tornaram mais conscientes de suas emoções e sentimentos após lockdown. Parecem estar menos resistentes a falar sobre suas emoções e mais conscientes em buscar ajuda. Adolescentes e crianças estão realmente entre os mais afetados, os adolescentes me confidenciam medo do futuro e de voltar a se socializar presencialmente, além do mundo virtual; o motivo é a necessidade cada vez maior de aprovação por pessoas que cada vez mais se comparam às outras. Sendo assim, reforço que cada um deve valorizar seus potenciais e entender os seus limites. Ao alinharmos essas expectativas, podemos reduzir a impulsividade diante das frustrações, melhorar a autoestima e evitar o pensamento ou desejo de morte.”


Para o Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e neurologia, gatilhos importantes podem ser o meio ambiente e o estilo de vida que tanto são observados na geração atual. A frase do sociólogo polonês Zygmunt Bauman em que descreve “vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” exemplifica o caráter temporário das coisas e a maior quantidade de informação distribuída. Muitas vezes existe uma exigência para cumprir padrões assistidos na mídia e a frustração dos desejos com poucos recursos psíquicos pode causar estresse, ansiedade e depressão. Dr. Alexandre Lucidi comenta: “a difusão de informação através de mídias digitais e a participação de redes sociais podem ser interessantes quando a qualidade do consumo é avaliada de forma positiva. Existem programas de suporte à saúde mental on-line, por exemplo.”


Entretanto, os programas assistenciais de saúde mental poderiam ser mais abrangentes para a população em geral. As organizações de saúde deveriam atender alunos de escolas públicas gratuitamente ou dar um desconto considerável para que alcancemos e possamos prevenir casos de suicídio.


No Brasil temos o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, que atendente gratuitamente todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias.



REFERÊNCIAS: 


Análise de reportagens da mídia sobre suicídios e tentativas de suicídio durante o bloqueio do COVID-19 na Índia - https://ijmhs.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13033-020-00422-


Segurança do paciente e prevenção do suicídio em serviços de saúde mental: hora de um novo paradigma? - https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09638237.2020.1714013


Pandemia de COVID-19 desencadeia aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo- https://www.who.int/news/item/02-03-2022-covid-19-pandemic-triggers-25-increase-in-prevalence-of-anxiety-and-depression-worldwide



FONTES:


Dr. Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares (@drhigorcaldato).

Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA) e fez sua residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também pela universidade carioca.


Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia.

Com atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, é graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É mestrando do Programa de Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG e participa de estudos fase 3 na mesma instituição. É integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa D’Or/ Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro.


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