De volta após 15 anos, Terminal Guadalupe amplia horizontes com “Agora e Sempre”
setembro 06, 2022Novo disco, também classificado como uma 'crônica sobre tragédia anunciada', é o sucessor do aclamado “A Marcha dos Invisíveis” (2007), que fez a banda rodar e ser comentada em todo o país |
|
Ouça 'Agora e Sempre' aqui: https://tratore.ffm.to/ O álbum chega às plataformas digitais em 5 de setembro, data do 53º aniversário do Ato Institucional nº 13, o AI-13. Foi o mecanismo pelo qual a ditadura militar endureceu o regime e passou a expulsar “legalmente” qualquer cidadão tido como “inconveniente”. É o quarto disco de estúdio do Terminal Guadalupe, o primeiro desde “A Marcha dos Invisíveis” (Independente, 2007), aclamado pela crítica e nos festivais da época. A meio mundo de distância, os integrantes do Terminal Guadalupe juntaram sons sintéticos com timbres acústicos processados, em mergulho nas águas profundas da música eletrônica dos anos 1970, com subidas pontuais à superfície das paradas das playlists atuais, onde o ar fresco deu um banho de loja no som da banda, outrora identificada pelas guitarras. Em Portugal, o paulistano Allan Yokohama (guitarra, violão, programações e voz) esculpia os arranjos, entre ritmos latinos, batidas programadas e violões distorcidos. Na Alemanha, o curitibano Fabiano Ferronato (bateria) criava as fundações das músicas novas, com vigor, pulsação e silêncios. No Brasil, o pantaneiro Dary Esteves Jr. (voz) modulava o discurso sem renunciar a canções. O grupo (de WhatsApp, inicialmente) só ficou completo com a chegada do carioca Marcelo Caldas (baixo), da banda portuguesa The Invisible Age. Ele era velho conhecido da estrada: foi integrante do grupo glam Cabaret, que dividiu palcos com o Terminal Guadalupe em 2006 e 2007. Foi Marcelo quem também trouxe o produtor Iuri Freiberger. Baterista da cultuada banda Tom Bloch, Freiberger lapidou álbuns de artistas novos e experientes, de Selvagens à Procura de Lei a Frank Jorge e Kassin. Ele e Yokohama dividiram a produção de “Agora e Sempre”, entre incontáveis trocas de mensagens e áudios e algumas poucas idas a Lisboa, onde bateria, baixo, guitarras, violões, sintetizadores e a voz de Allan foram gravados. Dary registrou sua voz em Curitiba. O novo álbum traz canções em português, inglês, espanhol e italiano, fruto do esforço da banda para se comunicar com novos e diferentes públicos. Em “Ahora Y Siempre”, por exemplo, o convidado é o cantor e compositor uruguaio Dany López. Em “Privè”, a participação foi do cantor e compositor carioca Franco Cava, muito querido na Itália. “As músicas transitam por universos diferentes, mas sempre chamam as coisas pelo nome, com a crueza de sentimentos que a realidade impõe. Isso torna o disco muito pesado ao mesmo tempo em que deixa claro: desistir não é uma opção. Buscamos forças. E recorremos a ironia, crítica e esperança para equilibrar as emoções”, teoriza Dary. Sobre bases de cúmbia, flamenco, kraut-rock, sessentismo lo-fi e pop contemporâneo se assentam as letras de “Agora e Sempre”, que resgata um discurso histórico de Ulysses Guimarães: “Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações, principalmente na América Latina”. É esta banda que diz ao país: “Você ainda vai nos redimir”. “Agora e Sempre”Ficha técnica Terminal GuadalupeAllan Yokohama – guitarra, violão, programações e voz ParticipaçõesDany López – voz e piano em “Ahora Y Siempre” CapaPietro Domiciano |
Agora e Sempre por Rubens Herbst, jornalista e crítico musical em Joinville (SC) "Gostei bastante, mas o que mais me 'chocou' foi a variedade sonora. Achei que seria algo mais acústico, folk, mas me vi em meio a uma profusão de estilos (e idiomas) que me pareciam várias bandas tocando. O novo disco do Terminal Guadalupe obriga o ouvinte a abrir mente e coração e esquecer o passado - inclusive o da própria banda - e encarar os sombrios tempos de agora. 'Agora e Sempre' é, ao seu modo, urgentíssimo" |
0 comentários
Deixe sua opinião sobre o post: Não esqueça de curtir e compartilhar