De olho no mercado internacional, romancista brasileira publica livro na Grécia e Estados Unidos
setembro 27, 2022Em entrevista exclusiva, Cindy Stockler conta por que buscou o mercado literário internacional e revela os próximos passos com o livro "Callíope"
Os livros de romance são líderes em vendas nos Estados Unidos - estudos da BookAdReport estimam que o gênero movimente US$ 1,44 bilhão por ano. É uma fatia desse sucesso que a autora Cindy Stockler tem buscado; com a obra Callíope, ela quer conquistar um espaço no coração dos leitores estrangeiros também.
No primeiro semestre de 2022, Cindy publicou a versão em inglês do romance histórico "Callíope". Com lançamento em Nova Iorque, pela editora americana Adelaide Books, o livro ganhou o título "Calliope - The slave of Athens". Já publicada na Grécia (2019), a obra agora aguarda a finalização da tradução para o alemão.
Alcançar outros mercados é a intenção da escritora: “o livro também será traduzido para o árabe, para alcançar os leitores do Egito e Emirados Árabes”, diz. Em entrevista, ela conta como é o processo de publicação fora do Brasil e incentiva escritores a investirem na carreira internacional. Confira todos os detalhes a seguir:
1. Cindy, o que te motivou a escrever o livro “Callíope”? E como surgiu a ideia da narrativa?
Cindy Stockler: Foi na faculdade de Direito, nas aulas de Direito Romano, que os usos, costumes e leis da antiguidade chamaram minha atenção. E lá mesmo, nos bancos da faculdade, tive uma “semente” da história de Callíope se fixando em minha mente. Era apenas uma vaga ideia – uma moça que se tornava escrava – apenas isso, e eu não podia imaginar que esse devaneio viria a se tornar um romance mais tarde.
Também não tinha ideia de que eu deslocaria a história da Roma Antiga para a antiguidade grega! Isso aconteceu naturalmente. A pesquisa que fiz sobre o tema me ajudou a construir a história, pois quanto mais eu pesquisava, mais ideias iam se formando em minha mente.
2. Qual é a principal mensagem que o seu livro traz aos leitores?
S.: Creio que é a resiliência demonstrada por Callíope, que vai dos 15 aos 35 anos de idade passando pelos mais variados tipos de golpes e revezes. A protagonista vive difíceis situações e na maioria das vezes lida com elas totalmente sozinha. Ela toma decisões e segue em frente inabalável, na certeza de estar fazendo a coisa certa sempre com a mente em sua educação, critérios, noção de certo e errado, bom coração e amor ao próximo.
3. Traduzido em outras línguas, o livro já foi publicado na Grécia e Estados Unidos; agora aguarda publicação na Alemanha. Por que decidiu levar a obra para além das fronteiras brasileiras?
S.: Essa foi uma decisão do editor. Em seu entendimento, ao levar “Callíope” para outros mercados e vendo-o alcançar boa aceitação entre leitores estrangeiros, o romance teria mais chances de chamar a atenção entre os leitores brasileiros, que muitas vezes tomam como base o sucesso de romances nas listas internacionais para ter a curiosidade aguçada e buscar essa leitura.
4. Você acha que o mercado do livro internacional recebe bem os autores e obras brasileiras? Como foi a sua experiência ao lançar seu livro em outros países
S.: Pela minha experiência, com os meus livros e ao observar outros autores brasileiros, o autor nacional tem sim boa aceitação entre os leitores estrangeiros. Pelo menos, entre os editores de outros países, a literatura brasileira parece atrair a atenção, seja pelo nosso país, pela língua, pelo fascínio que o Brasil exerce sobre vários estrangeiros, e talvez mesmo pela novidade, dado que o mercado de romance fictício é tomado basicamente por autores de língua inglesa – pelo menos, até aonde eu pude observar.
5. Há pretensão de traduzir “Callíope” para outras línguas e levar a mais países, após o lançamento na Alemanha?
S.: Sim, a ideia agora é tentar levar “Callíope” a vários países, a várias línguas diferentes. Muito embora seja uma história que se passa na Grécia antiga, um tema clássico entre os romancistas internacionais, é uma autora brasileira levando esse tipo de romance, o que é um pouco mais raro, a minha abordagem talvez seja um pouco diferente. E ainda, o mercado externo é um voraz consumidor de romances fictícios, são geralmente bem recebidos.
6. De que forma você acha que a história de “Callíope” pode influenciar ou inspirar a vida dos leitores?
S.: A força de caráter de Callíope – e de outros personagens da história – talvez seja o que mais chama a atenção. As dificuldades pelas quais ela passa são inimagináveis! E, no entanto, ela segue inabalável, de cabeça erguida, enfrentando tudo com um coração firme e uma mente elevada, com segurança, confiança e até alegria. Lembrando que tudo se passa no século V a.C.!
7. Diante das suas pesquisas e contextos sobre o período, há costumes da época que permanecem na atualidade, ou práticas atuais de grande influência desse período histórico, no Brasil e no mundo? Se sim, poderia dar alguns exemplos?
S.: Da intensa pesquisa que busquei fazer de modo a embasar a história em fatos e dados reais, o que ficou para mim foi que, a despeito da gigante diferença tecnológica entre aquela época e os tempos modernos, seja nas mínimas coisas até a mais alta tecnologia da atualidade, a essência humana é exatamente a mesma. Os sentimentos, as relações humanas, os problemas, as uniões, as separações, as culpas, os medos, as introspecções, as baixezas e os elevados espíritos, tudo isso é encontrado na Atenas do século V a. C.. A alma humana é essencialmente a mesma.
8. Você tem outros projetos literários em mente para o futuro? Se sim, já pode adiantar alguma novidade?
S.: Sim, estou no meio de mais um romance, o volume dois da trilogia “Alma Mater”. Tenho também outros dois livros já iniciados: um thriller e um livro de contos. Todos eles se passando em São Paulo, na atualidade, bem longe da antiguidade grega! Há também o lançamento de meus romances “Operação Caipiroska” e “Alma Mater 1 – A Chegada”, em inglês, pelo mesmo editor que lançou “Callíope”, Adelaide Books New York.
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