Últimas sessões do espetáculo Wastwater, do autor inglês Simon Stephens no Teatro Pequeno Ato
julho 06, 2022
A angústia diante de situações extremas e como agimos longe dos limites da sociedade é o mote do espetáculoWastwater, que tem apenas mais duas sessões,dias 7 e 8 de julho, quinta e sexta-feira, às 21h, noTeatro Pequeno Ato.
O texto do autor inglês Simon Stephens, com direção de Fernando Vilela, apresenta três casais que precisam fazer uma escolha definitiva sobre seus futuros. O autor joga luz sobre ações e desejos escondidos e provoca uma discussão sobre o que define nossos valores visíveis e ocultos e a respeito de como estamos cada vez mais naturalizados diante da violência cotidiana e diária. O elenco é formado por Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho.
Frieda e Harry, mãe e filho que têm uma relação possessiva, se encontram pela última vez antes de uma viagem sem volta. Lisa e Mark, casal de amantes, entram num jogo de sedução e limites, mas deixam transbordar dores e traumas antigos. E Sian e Jonathan, longe dos olhos de todos, estabelecem um acordo terrível e sem saída sobre um tema delicado. Assim como um tríptico, as três cenas estão interligadas.
Com essas três duplas, o autor joga luz sobre ações e desejos escondidos e provoca uma discussão sobre o que define nossos valores visíveis e ocultos e sobre como estamos cada vez mais naturalizados diante da violência cotidiana e diária. Wastwater é o nome do lago mais profundo da Inglaterra. E ele dá nome à peça justamente por essa dualidade entre superfície e profundeza que o autor propõe. Quem somos e nossos papéis diante dos outros são só a capa superficial que nos envolve. A crítica elogiou a montagem inglesa de 2011 por provocar uma sensação de incômodo e tratar, de maneira atraente, crises existenciais.
O texto chamou a atenção do diretor Fernando Vilela pela potência do jogo proposto em cena, mas ganhou novo sentido a partir da pandemia de Covid-19, que aumentou as sensações de solidão e medo. Por isso, ele provoca o público a se questionar como nos comportamos diante de todas essas mudanças de nossa realidade. E o texto de Stephens, mesmo escrito há mais de 10 anos, escancara justamente este incômodo encontro com uma violência silenciosa que se apresenta de diversas formas.
O maior desafio de Vilela na direção e montagem da peça foi adicionar essa carga de atualidade e conexão sem mudar o texto de Simons. Ele optou também por manter o nome original pelo significado que ele traz. “O mundo mudou muito desde que conheci esse texto. Com a chegada da pandemia, as necessidades, as urgências passaram a ser outras, em escalas maiores. Mas hoje, em 2022, passado o auge da pandemia e com a retomada dos trabalhos, o desafio maior é estar em relação com esse novo mundo, com essa nova configuração - ainda que estranha - de realidade. O texto do Simon Stephens é absurdamente vertiginoso, pois ele dá contorno às perguntas ainda sem respostas. E o que importa não são as respostas e as decifrações, mas os movimentos. As tentativas de movimento. O trânsito entre a superfície e a profundeza. E o reconhecimento de si nesse lugar”, explica o diretor.
Sobre o autor
Simon Stephens é um dos expoentes mais sólidos do cenário atual da dramaturgia inglesa. Com 51 anos, tem mais de 30 peças escritas, entre adaptações de textos clássicos e contemporâneos, como A Casa de Bonecas, de Ibsen, e A Gaivota, de Tchekhov, e peças que pensam o mundo atual e suas grandes questões: violência, paternidade, solidão, racismo. Seu trabalho é muito difundido na Europa e nos Estados Unidos. Venceu o prêmio Tony em 2015 com a peça The Curious Incident of the Dog in the Night-Time.
Sobre o diretor
Fernando Vilela é diretor, designer e artista visual. Formado em atuação pelo Teatro Escola Célia Helena, em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design e em cinema na FAAP, Vilela ministrou aulas de Method Acting/Lee Strasberg com Estrela Straus. Dirigiu as montagens Dolores, de Edward Allan Baker (2019); Tape, de Stephen Belber (2019); O Filho do Moony Não Chora, de Tennessee Williams (2018); Os Sobreviventes, de Caio Fernando Abreu (2016); e a montagem on-line de Tragédia: Uma Tragédia, de Will Eno (2021).
Ficha técnica:
Texto: Simon Stephens. Direção: Fernando Vilela. Elenco: Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho. Cenografia e direção de arte: Fernando Vilela. Iluminação: Gabryel Matos. Direção de produção: Daniele Aoki. Produção executiva: Renata Reis. Realização: FRESTA e Árvore Azul.
Serviço:
Espetáculo Wastwater
Estreou em 11 de junho de 2022 (com sessões aos sábados e domingos).
Temporada: Dias 7 e 8 de julho, quinta e sexta e às 21h.
Duração: 110min.
Classificação etária: 16 anos.
Teatro Pequeno Ato
Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – Vila Buarque.
Telefone: 11 99642-8350.
Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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