O poder da autocompaixão contra as dificuldades emocionais de jovens e adolescentes

julho 20, 2022

Mestre em Psicologia Positiva, Adriana Drulla comenta pesquisa sobre o alto número de suicídios no Brasil e a importância da autocompaixão na etiologia dos pensamentos suicidas e de automutilação

Pesquisa do Datasus mostra que o total de óbitos no país por lesões autoprovocadas dobrou cerca de 7.000 para 14 mil nos últimos 20 anos, superando os óbitos por acidentes de moto ou por HIV. Entre os jovens (15 a 29 anos), é a segunda causa de morte globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Realmente, a transição da infância para a adolescência representa um período crítico para a vulnerabilidade do comportamento suicida. Para piorar, enfrentamos globalmente um momento de pós-pandemia, com o confinamento tendo impactado diretamente a saúde mental de jovens e adultos.

Mestre em psicologia positiva pela Universidade da Pensilvânia e especialista em estudos de autocompaixão, Adriana Drulla destaca a importância da autocompaixão na etiologia dos pensamentos suicidas e de automutilação. Jovens com baixa autocompaixão, segundo ela, são mais propensos a terem sofrimento psicológico, uso problemático de álcool e relatar uma tentativa séria de suicídio, em comparação com aqueles com alta autocompaixão.

“A autocompaixão dá resiliência emocional aos indivíduos e os adolescentes mais autocompassivos são menos propensos a desenvolverem depressão, ansiedade, estresse, automutilação suicídio etc”, revela Adriana.

Mas o que seria a autocompaixão e como praticá-la? A autocompaixão, é mais do que a ausência de autocrítica. Em vez disso, é um processo no qual os indivíduos têm a intenção e motivação para adotar e aplicar uma mentalidade compassiva a si mesmos. Por exemplo, a aceitação das falhas/dificuldades pessoais em vez de criticá-las; ter uma consciência clara sobre pensamentos, emoções e experiências que são emocionalmente dolorosas; e adotar ativamente uma postura gentil e de apoio com relação a si mesmo, em vez de se julgar severamente por esses eventos. Além disso, implica reconhecer que o fracasso é algo que todos experimentam, em vez de se sentirem isolados, sozinhos ou inferiores. 

A autocompaixão pode ser sim um antídoto poderoso contra as dificuldades emocionais experimentadas durante a adolescência. Uma das maneiras pelas quais a autocompaixão pode contribuir para o bem-estar na adolescência é fornecendo uma maneira de se sentir bem em relação a si mesmo, sem a necessidade de comparação social. Os adolescentes atribuem importância excessiva à opinião dos outros, muitas vezes se comparam desfavoravelmente aos outros e são altamente sensíveis à lacuna entre o eu ideal e o real

Caso tenha interesse em entrevistar a Adriana Drulla para entender mais sobre seus estudos em autocompaixão e como ela pode ajudar no combate aos casos de suicídio, estamos à disposição.

 

Fonte: Adriana Drulla é Mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pennsylvania (EUA), e pioneira no Brasil em Terapia Focada em Compaixão pela Universidade de Derby (Inglaterra).

Estudou com Martin Seligman, fundador da Psicologia Positiva no mundo, e com outros 5 dos psicólogos eleitos mais influentes da última década:  Jonathan Haidt, Roy Baumeister, Barbara Fredrickson, Ed Diener, Paul Bloom*.  Primeira brasileira a se formar como Terapeuta Focada em Compaixão (TFC). Teve como mentor Paul Gilbert, criador da TFC  e maior pesquisador no mundo no tema da compaixão. Adriana também é certificada em mindfulness e autocompaixão pelo Centro de Treinamento Profissionalizante em Mindfulness da Universidade da California em San Diego.   Adriana é autora de um estudo que investigou a relação entre autocompaixão de pais e filhos em publicação nos Estados Unidos. Palestrou em todas as edições do Congresso Internacional de Educação Parental, maior congresso sobre o tema no país.

 

 





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