Ciclo de encontros Vinte mil léguas: ciências e livros
julho 26, 2022Com Jorge Cañizares-Esguerra, Mark Thurner, Lorenzo Mammì, Eduardo Kickhöfel, Roberto Mesquita, Walderez de Barros, Christine Röhrig, entre outros.
Com o olhar de curiosidade que se tornou marca registrada do "Vinte mil léguas" –podcast realizado pela Livraria Megafauna com apoio do Instituto Serrapilheira –, o ciclo de encontros de ciências e livros realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP, com formato híbrido (on-line e presencial), nos meses de agosto e setembro, é uma série de conversas com cientistas, pesquisadores e artistas, para contar as histórias de figuras pouco conhecidas da ciência e também as histórias pouco conhecidas dos cientistas mais emblemáticos da modernidade. A curadoria é de Leda Cartum e Sofia Nestrovski.
Em nove encontros, será abordado o processo de pesquisa do podcast, desdobrando alguns dos temas das duas primeiras temporadas (dedicadas a Charles Darwin e Alexander von Humboldt) e introduzindo o universo da próxima temporada, a ser lançada em 2023, dedicada a Galileu Galilei.
No primeiro módulo, são cinco encontros sobre as ciências da terra e da vida, pensadas em relação à história, à política, à música e à literatura, com improvisos de clarineta a partir do canto das aves e conversas com arqueólogos sobre o passado e o presente da Amazônia, além de uma visita à exposição "Darwin, o original", no Sesc Interlagos.
Já no segundo módulo, a partir da figura de Galileu e de sua época, acontecem quatro encontros em torno da matemática, da astronomia, da pintura e da música: um olhar para a relação entre a ciência e a Igreja, abordando sobre a música do pai de Galileu e com leitura de trechos da peça A vida de Galileu, de Bertolt Brecht, no Teatro Oficina.
Confira a programação completa:
Darwin e o tempo, Humboldt e o espaço
Dia 6/8, sábado, das 11h às 12h30
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
O encontro apresenta os cientistas que foram tema das duas primeiras temporadas do "Vinte mil léguas: o podcast de ciências e livros". Aproximando-nos de Charles Darwin e Alexander von Humboldt, vamos ler dois aspectos-chave na ciência de cada um: o tempo, no caso do primeiro, e o espaço, no do segundo. A escrita de cada um deles revela suas maneiras de pensar - destrinchando suas analogias e metáforas, entendemos seus modos de conhecer o mundo. Com as ferramentas da crítica literária, bem como a aptidão para contação de histórias que virou marca registrada do podcast, o encontro será um momento de sintetizar as questões maiores das temporadas
Com Leda Cartum e Sofia Nestrovski, pesquisadoras, roteiristas e apresentadoras do "Vinte mil léguas", e curadoras do ciclo. As duas são escritoras e mestres em Letras pela Universidade de São Paulo, e fizeram a curadoria do módulo brasileiro da exposição "Darwin, o original", em cartaz no Sesc Interlagos. Juntas, publicaram o livro "As vinte mil léguas de Charles Darwin: o caminho até A origem das espécies" (Fósforo/Edições Sesc) e ministraram, na Tapera Taperá, em São Paulo, o curso "Como sumir: uma introdução a Simone Weil".
Visita à exposição Darwin, o original
Dia 6/8, sábado, das 13h30 às 19h. Presencial.
Grátis, mediante inscrição. Saída do Centro de Pesquisa e Formação às 13h30.
A proposta da exposição marca mais um novo capítulo da parceria entre o Sesc São Paulo e a instituição francesa Universcience, que concebeu e montou a exposição em seu formato original juntamente ao Museu de História Natural da França. A mostra inédita no Brasil, está em cartaz no Sesc Interlagos até 11 de dezembro 2022.
Com linguagem interativa, amparada ao uso da tecnologia digital e em diversos formatos, é acessível para várias faixas etárias e dá a cada visitante caminhos e possibilidades para se chegar às reflexões e conteúdos propostos pela narrativa da exposição.
A Amazônia profunda
Dia 10/8, quarta, das 19h30 às 21h30
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
A Amazônia é uma das maiores e mais diversas florestas tropicais do mundo. Relatos de viajantes dos séculos 18, 19 e 20 a descrevem como um mundo à parte, tão impressionante quanto hostil ao ser humano. Mas descobertas arqueológicas recentes mostram que a floresta amazônica é assim fértil e diversa porque existem humanos que a ocupam há milhares de anos. A conversa será entre dois arqueólogos - Laura Furquim, que pesquisa as formas de cultivo e manejo da floresta, a cultura alimentar pré-colonial e os impactos da colonização/invasão europeia na territorialidade e na alimentação, e Cliverson Pessoa, que estuda relatos de viagens para reunir informações históricas e etnográficas da ocupação de grupos indígenas na floresta.
Com
Cliverson Pessoa, doutorando em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, onde desenvolve pesquisa sobre sítios com estruturas de terra no estado do Acre. É membro do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos.
Laura Pereira Furquim, doutoranda no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. É cogestora do projeto de divulgação científica "História indígena hoje" e desenvolve o projeto "The Taste of Life" no Endangered Material Knowledge Programme (British Museum).
Mediação de Leda Cartum e Sofia Nestrovski
Uma nova História do Novo Mundo
Dia 13/8, sábado, das 11h às 13h
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. On-line.
Em oposição a uma visão canônica e europeia da América Latina, construída e perpetuada por figuras como Humboldt e Darwin, esse encontro apresenta outras perspectivas para a história de nosso continente. Muitas das maiores ideias apresentadas na Europa por esses personagens - tidos como heróis - foram apropriações de um conhecimento que já existia aqui. Essa conversa vai se aprofundar na história do conhecimento natural pela perspectiva latino-americana e contra-hegemônica. O encontro on-line conta com a presença de dois pesquisadores internacionais, que são duas das principais vozes na reavaliação da história colonial das Américas: Jorge Cañizares-Esguerra, professor de História na Universidade do Texas, e Mark Thurner, professor da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales em Quito e diretor do projeto LAGLOBAL, rede de pesquisadores que estudam a importância dos conhecimentos latino-americanos.
Com
Jorge Cañizares-Esguerra, professor de História na Universidade do Texas, em Austin. Nascido no Equador, cresceu entre a Colômbia e o México. Em seus trabalhos, a América Latina é um berço da modernidade científica, do abolicionismo e da democracia. Publicou, entre outros, Como escrever a história do novo mundo (Edusp).
Mark Thurner, professor de Antropologia, História e Humanidades da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales em Quito, Equador, e professor emérito de História e Antropologia da Universidade da Flórida (EUA). É autor de diversos livros sobre a história da América Latina e o pós-colonialismo. É diretor do projeto LAGLOBAL, uma rede internacional de pesquisadores dos saberes latinoamericanos.
Mediação de Matheus Gato de Jesus, professor de Sociologia na Unicamp, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Foi Visiting Student Researcher Collaborator na Universidade de Princeton e realizou pós-doutorado em Harvard. É organizador de O 13 de Maio e outras estórias do pós-Abolição, de Astolfo Marques (Fósforo).
O mundo invisível e o fim do mundo
Dia 17/8, quarta, das 19h30 às 21h30
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
Conversa sobre microbiologia e a reinvenção das relações interespécies diante das catástrofes climáticas. Para além do que revelou Darwin, com sua teoria da seleção natural, esse encontro aborda questões contemporâneas da microbiologia e das perspectivas de reinvenção das relações humanas e interespécies diante das catástrofes climáticas. Como a simbiose nos faz repensar a história da evolução dos seres vivos, e mesmo a nossa ideia de indivíduo? Com a presença de um dos mais renomados autores de ficção do país, que vem pensando a literatura a partir de ideias contemporâneas sobre como existir numa era pós-antropocêntrica, e de uma bióloga dedicada a criar pontes entre a ciência e a arte, a conversa será embasada pelo rigor científico e pela imaginação e invenção.
Com
Daniel Galera, escritor e tradutor. Nasceu em 1979 e vive em Porto Alegre. É autor, entre outros, dos romances "Mãos de Cavalo" e "Barba ensopada de sangue" (vencedor do Prêmio São Paulo 2013). Seu último livro é "O deus das avencas" (Companhia das Letras), uma reunião de três novelas que flertam com a ficção especulativa e a distopia.
Maria Cristina Motta, professora da UFRJ. Tem Mestrado e Doutorado em Biofísica (Ciências Biológicas) pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ, Pós-doutorado em Biologia Molecular pelo Instituto Carlos Chagas (ICC) - Fiocruz Paraná. Entre suas linhas de pesquisa, destaca a Simbiose e evolução celular, a História e a Filosofia da Ciência.
Mediação de Flavia Natércia da Silva Medeiros, mestre em Ecologia pela Unicamp e doutora em Comunicação, com pós-doutorado em percepção pública e divulgação da ciência na Unicamp. É graduada em Biologia pela Unicamp e em Letras pela UFRJ. Fez a revisão técnica da segunda temporada de "Vinte mil léguas".
As aves e a música
Dia 20/8, sábado, das 11h às 13h.
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
O canto das aves já foi inspiração para muitos ao longo da história. Charles Darwin, em sua passagem pelo Brasil, descreveu em seu diário uma "ópera dos pássaros" ao entrar na mata atlântica. A observação de aves estimula tanto cientistas quanto artistas, e vem sendo o foco de diversos projetos de ciência cidadã, no Brasil e no mundo. Nesse encontro, uma bióloga e um clarinetista conversam sobre as particularidades dos cantos e dos comportamentos das aves brasileiras. A partir de uma lista de aves que Darwin registrou ter encontrado no Brasil, Luca Raele deu ouvidos aos cantos de diversas aves da mata atlântica, para gravar a peça de improvisos para clarineta e meia-clarineta "Darwin Clarinet Species". Já a bióloga Erika Hingst-Zaher, pesquisadora do Instituto Butantan, organiza o Avistar Brasil, o maior evento de observação de aves do país.
Com
Luca Raele, clarinetista, pianista, arranjador e compositor. Integrou o conjunto Nouvelle Cuisine (prêmios Sharp e APCA) e hoje integra o Sujeito a Guincho (Prêmio Eldorado de Música e Sharp). Sócio da gravadora ybmusic, compôs trilhas para HBO e Netflix. Apresenta-se regularmente com Mônica Salmaso.
Erika Hingst-Zaher, pesquisadora do Instituto Butantan, interessada na conservação de vertebrados, especialmente mamíferos e aves, em ambientes urbanos e silvestres e sua relação com a saúde humana. Promove a ciência cidadã para o monitoramento da fauna e a colaboração de não cientistas nos processos de identificação, coleta e análise de dados relacionados à biodiversidade.
Mediação de Flavia Natércia da Silva Medeiros, mestre em Ecologia pela Unicamp e Doutora em Comunicação, com pós-doutorado em percepção pública e divulgação da ciência, pela Unicamp. É graduada em Biologia pela Unicamp e em Letras pela UFRJ. Fez a revisão técnica da segunda temporada de "Vinte mil léguas".
Arte e ciência no Renascimento
Dia 24/8, quarta, das 19h30 às 21h30
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
Falar de um artista no Renascimento é a mesma coisa que falar de um artista hoje em dia? Quais as diferenças e quais os pontos de contato entre a arte e a ciência nessa época de tantas transformações, quando a Terra deixou de ser entendida como o centro do Universo, com a revolução copernicana? No tempo de Galileu, arte e ciência estavam profundamente entrelaçadas. Nesse encontro vamos olhar para alguns filósofos, humanistas e artífices daquele período. Lorenzo Mammì, professor da Universidade de São Paulo e crítico de arte e de música, vai contar a história de um marceneiro gordo e mostrar o que isso tem a ver com o surgimento da perspectiva na pintura; já Eduardo Kickhöfel, professor da Unifesp, vai explicar por que, quando se trata de Renascimento, prefere usar a palavra "artífice" a "artista".
Com
Lorenzo Mammì, professor de filosofia da Universidade de São Paulo e crítico de arte e de música. Foi diretor do Centro Universitário Maria Antonia e diretor de programação do Instituto Moreira Salles. É autor de, entre outros, O que resta: arte e crítica de arte (Companhia das Letras).
Com Eduardo Kickhöfel, professor de História da Filosofia da Renascença na Unifesp, tem como objetos de estudo o cosmos renascentista e a formação da ciência moderna. Atualmente, elabora uma nova edição dos manuscritos de anatomia de Leonardo da Vinci.
Mediação de Leda Cartum e Sofia Nestrovski
A matemática e a música
Dia 27/8, sábado, das 11h às 13h
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
No Renascimento italiano, a música era uma forma de ciência. Um dos maiores cientistas da era moderna nasceu, justamente, num lar musical: o pai de Galileu Galilei, Vincenzo Galilei, era compositor e tocava alaúde. Mas a época de Galileu é de grandes transformações, e as discordâncias que ele tinha com seu pai dão a ver como as questões da ciência, da filosofia e da arte estavam em disputa. De que maneira o conhecimento era construído publicamente e como as ideias de "beleza" e de "harmonia" eram diferentes das de hoje são alguns dos temas de que a musicóloga e historiadora da ciência Carla Bromberg vai tratar.
Com
Carla Bromberg, pesquisadora, pianista e harpista. Possui titulações na área de Musicologia, de História da Ciência e da Educação Matemática, tendo desenvolvido sua carreira musical e acadêmica no Brasil, em Israel e nos EUA.
Mediação de João Cortese, doutor em Epistemologia e História da Ciência pela Université Paris VII - Denis Diderot e em Filosofia pela USP (cotutela). Mestre em História e Filosofia da Ciência (Université Paris VII - Denis Diderot). Professor no Instituto de Biociências da USP.
Como ir ao céu e como vai o céu
Dia 31/8, quarta, das 19h30 às 21h30
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
Historicamente, a relação entre a Igreja e as ciências é complexa e cheia de reviravoltas. Se, por um lado, a censura a Galileu pode ser entendida como um dos momentos mais constrangedores do catolicismo, por outro, é possível dizer que, em certa medida, a ciência moderna é filha da Igreja. O próprio Galileu declarou se ocupar da ciência, e não da religião, porque queria saber "como vai o céu", e não "como ir ao céu". Os dois convidados vão aprofundar esse debate ao olhar para a astronomia e a matemática como eram praticadas pelos jesuítas nos séculos 17 e 18, com foco em dois de seus lugares de atuação mais distantes da Europa: a Amazônia e a China.
Com
Roberto Mesquita, diretor executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Piloto de avião e ex-missionário jesuíta, atuou em diversas regiões do Brasil e na França, Taiwan e China. Dirigiu o TBC (The Beijing Center for Chinese Studies), centro universitário fundado pela Companhia de Jesus em Pequim.
Thomás Haddad, professor de história das ciências na EACH da USP. Nos últimos anos, suas pesquisas têm se dividido entre a história dos mapas da lua e a história cultural da astronomia nas missões religiosas dos séculos 17 e 18 nas Américas. Com Nydia Pineda, realizou a exposição digital "Constellations: Reimagining Celestial Histories in the Early Americas", que revisita os lugares ocupados pelos céus nas sociedades coloniais do Novo Mundo.
Mediação de Lourenço Fernandes, doutor em história da filosofia moderna pela Universidade de São Paulo. Foi assistente de pesquisa da segunda temporada do podcast "Vinte Mil Léguas".
A vida de Galileu: uma leitura
Dia 03/09, sábado, das 16h às 17h
R$15,00 / R$7,50 / R$4,50. Presencial.
Local: Teatro Oficina.
No ano de mil seiscentos e nove / O cientista Galileu por a + b calculou / Que o Sol não se mexe / Que a Terra se move." Em "A vida de Galileu", uma das peças mais emblemáticas de Bertolt Brecht, o personagem Galileu Galilei se vê diante de dificuldades para defender suas teorias e o acesso popular a elas. Trava uma batalha - ambígua, em certos momentos - contra as autoridades, sejam as da religião, da política ou da própria ciência hegemônica. Considerada uma espécie de testamento de Brecht, essa peça retrata um momento histórico do passado, mas diz muito sobre o presente.
Com
Walderez de Barros, uma das principais atrizes brasileiras, tendo seu nome ligado a inúmeros trabalhos dos mais contundentes no teatro, além de atuações marcantes na televisão e no cinema, ganhadora de inúmeros prêmios por sua atuação.
Apresentação de Christine Röhrig, tradutora de peças teatrais de diversos autores alemães e de livros de literatura infantojuvenis, entre eles Os Contos maravilhosos dos irmãos Grimm (Editora 34). Integra a programação do Ciclo de encontros Vinte mil léguas: ciências e livros
Serviço:
Ciclo Vinte mil léguas: ciência e livros
De 6 de agosto a 3 de setembro de 2022.
Informações e inscrições:
Recomendamos o uso de máscara. O acesso às unidades do Sesc está sujeito a legislação municipal referente à COVID-19.
CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO DO SESC
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar.
Bela Vista – São Paulo - SP
Tel: 3254-5600.
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