"Ciclo da Pobreza", a nova música de Mano Red aborda o universo problemático do Trabalho Infantil

junho 20, 2022

Mano Red, rapper campineiro, lançou no dia 10 de junho, o single Ciclo da Pobreza, durante as atividades da Semana de Conscientização contra o Trabalho Infantil, promovida pelo Juizado Especial da Infância e do Adolescente, em São José dos Campos. A obra foi produzida por Eliezer Oliveira, produtor musical, no Atman Audio Studio, em Campinas.

Durante a apresentação, que contou com participação dos artistas TorOgum, Punka e Ciça Baradelo, os músicos foram aplaudidos de pé por juízes, desembargadores, assistentes sociais e representantes poder público que estavam presentes no Auditório do CEFE - Centro de Formação do Educador, em São José dos Campos.

Na obra, Mano Red ressalta o impacto negativo que a desigualdade social causa na vida das crianças, as privações e esperanças que vão aos poucos sendo destruídas pela realidade.

“Eu, sendo um menino de periferia, sei muito bem como a falta de comida e condições financeiras acaba empurrando as crianças para o trabalho, mas eu também sei que isto dificulta muito nossa capacidade de estudar, brincar e se desenvolver como toda criança merece.  Por isso, acho importante a gente trazer esta discussão para todos os lugares e fico muito feliz em levar minha mensagem neste evento tão importante e ser ouvido por pessoas que fazem parte da força de transformação desta realidade”, considera Mano Red.

 

MANO RED

Mano Red, que tem como nome de batismo Bruno Lopes, nasceu e cresceu na periferia de São Paulo, mudando-se para Campinas aos 18 anos. Órfão do pai, e abandonado pela mãe, Mano Red foi criado, com muito amor pelos avós, o que defende que lhe garantiu conhecer bons valores e ter contato com as virtudes dos avós paternos, que passou a ter como seus pais.

Começou a cantar em 2010 e, no mesmo ano fez sua primeira apresentação profissional.

Em 2021, lançou seu primeiro single na plataforma Spotify, com críticas à condução do governo quanto à Pandemia do novo Coronavírus. Em seguida, lançou, no mesmo ano, seu segundo single, desta vez, prestando uma homenagem ao pai, ao lembrar da história de sua infância.

Depois de estrear em uma das mais importantes plataformas de música do mundo, Mano Red continua muito focado em seus projetos e ainda para o ano de 2022 pretende gravar um vídeo clipe, continuar sua agenda de shows, investindo nos lançamentos em plataformas de streaming e lançar sua marca de roupas, com inspiração Street Wear.

 

Atman | Eliezer Oliveira

Atuando como produtor do novo single de Mano Red, Eliezer Oliveira já tem 25 anos de carreira, e integrou bandas independentes dos mais diversos estilos, como hard rock, rock progressivo, MPB e black music. Eliezer também trabalhou por sete anos com produção de áudio, tanto musical como para cinema.

Com formação em algumas das melhores escolas técnicas de áudio do Brasil, como a Escola de Música & Tecnologia, Academia Internacional de Cinema, Colégio de Aprendizagem Moderna (CAM), Instituto de Áudio e Vídeo (IAV), em 2021 inaugurou o Atman Audio Stúdio, local onde atua na produção de obras com artistas de diversas vertentes musicais.

 

Perfis Streaming: linktr.ee/manored

 

LETRA

O Ciclo da pobreza

Parte I

 

Mais um pequeno inocente com bolhas na mão 

Seus melhores amigos a enxada e o facão

Sem sorriso no rosto, nem esperança 

A cana ceifada, como sua infância

Pique-esconde, amarelinha não existiam 

Num sol escaldante, seu futuro derretia

A arte de um rei negro, levou esperança 

Celebrou o gol 1000, lembrando as crianças

 

A lei do ventre livre só existiu ali

Para abrir as portas pro trabalhador mirim

Se um futuro melhor era a intenção

Por que só vejo crianças com foice na mão?

Dilacerando a infância na plantação 

E o filho do patrão com livro na mão!

Trabalhou a infância inteira, sem poder estudar 

Gerou um pai analfabeto, Joãozinho pra criar

 

Sem medo, sem bagagem se mudou pra cidade 

Atrás do sonho de uma oportunidade

Mas sem estudo, não conseguiu emprego 

Ali começou seu maior pesadelo

Sem ter o que comer teve que apelar

Pôs Joãozinho no semáforo pra trabalhar

 

Os carros passavam e ninguém percebia 

O ciclo da pobreza ali se iniciaria

 

Direito de aprender

Evoluir e de crescer

Pra quebrar o ciclo da pobreza

A solução só vem com educação

 

 

Parte II

O carro reflete um rosto infantil no sinal 

Uma mão pequena e trêmula implora um real

De dia, o martírio é o sol quente e a poluição 

A Noite vem e traz fome e solidão

Olhando carro, limpando vidro no sinal 

O dia inteiro sem comer, já tá passando mal

Sem Netflix, game ou Youtube na TV 

Só a família triste, sem ter o que comer

A Elite inventou um mito pra não ajudar 

"Que trabalho infantil é melhor que roubar" 

Apoiando, isentando quem os oprime

Como se exploração de criança não fosse um crime

80% da massa carcerária do Brasil, 

Foram vítimas do trabalho infantil

Na rua não tem convite pra estudar 

Mas todo dia chamam ele pra traficar

 

A sociedade finge não entender 

Excluir ou esconder, não vai resolver

Força bruta e maquiagem não é a solução

exploração só acaba com acesso à educação

É só mais um pivete de Chico Buarque 

Que não conheceu a infância de verdade

Já adulto, de mãos vazias chega em casa outra vez

E, sua mulher anuncia a gravidez.

 

Direito de aprender

Evoluir e de crescer

Pra quebrar o ciclo da pobreza

 

A solução só vem com educação

 

Parte III 

O ciclo da pobreza destrói minha família

 Isso acontece todo dia aqui na periferia

Igual meu pai e meu avô eu sou explorada 

Pra elite sou lucro, mão de obra barata

Se a criança trabalhando fosse um privilégio

O filho do rico estaria no sinal, não no colégio

Saudades do pai João, dói o meu coração 

Comendo restos dormindo aqui neste porão

Depois de cuidar do seu filho e arrumar a casa 

De madrugada, pelo patrão, serei abusada

Tortura, espancamento, humilhação

Dois dias sem comer quando eu não limpei o chão

Um dia a infância floresceu dentro de mim

Deixei a louça de lado, fui brincar no jardim

Por um momento senti o que é liberdade 

Pude explorar a minha criatividade

Fingi que era inocente e tinha minha virgindade

Sonhei que era Alice no país das maravilhas

E não precisava trabalhar em troca de comida

Um sonho onde eu podia brincar 

Onde nenhuma criança era obrigada a trabalhar

Onde o meu corpo não seria objeto para alguém usar

Mas é apenas imaginação da minha cabeça 

Porque na vida real eu vivo o ciclo da pobreza

 

Direito de aprender

Evoluir e de crescer

Pra quebrar o ciclo da pobreza

A solução… 

Educação



 











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