Clara Carvalho dirige Escola de Mulheresnos 400 anos de Molière
janeiro 05, 2022
A montagem da comédia clássica de Molière, escrita em 1663, é protagonizada por Brian Penido Ross. A peça revela a potência feminina e a força do amor opondo-se ao conservadorismo burguês e ao machismo e marca o início da programação de 2022 do Teatro Aliança Francesa. A estreia, dia 15 de janeiro, acontece no dia de nascimento do dramaturgo francês, em 1622.
Num gesto de transgressão ao patriarcado e ao conservadorismo, Molière (1622 – 1673) traz à tona, com muita ironia, leveza e elegância, a sagacidade feminina em Escola de Mulheres. Sob direção de Clara Carvalho, a estreia acontece no sábado, 15 de janeiro, às 20hs, dia da celebração dos 400 anos de nascimento do autor. Esta é a abertura da programação de 2022 do Teatro Aliança Francesa. A montagem é protagonizada por Brian Penido Ross, que está ao lado de Ariel Cannal, Felipe Souza, Fulvio Filho, Gabriela Westphal, Leandro Tadeu, Luiz Luccas, Rogério Pércore e Vera Espuny.
“Este é um texto escrito em 1662, quando Molière tinha 40 anos e estava na plenitude de sua potência criativa. Ele também fazia o papel de Arnolfo, personagem que repele frontalmente a ideia de ser traído e, para isso, educa a jovem Inês para que ela se torne sua esposa ideal, criando-a na mais absoluta ignorância. Mas, como em muitas de suas peças, as personagens femininas de Molière são perspicazes, inteligentes e descobrem como se empoderar numa circunstância a princípio desfavorável e o plano de Arnolfo mostra-se muito difícil de implementar. Sente-se no texto a simpatia de Molière pelas mulheres. O machismo patológico é escancarado, ridicularizado e, sentimos um viés francamente feminista”. É esse viés que queremos colocar em cena”, comenta Clara Carvalho.
A peça, que foi um sucesso estrondoso na sua estreia em Paris, e gerou infindáveis discussões sobre a polêmica comportamental que trazia, é exemplarmente clássica, com unidade de tempo – tudo se passa em 24hs – espaço e ação e a encenação busca mesclar sugestões do século XVII com traços contemporâneos. Tudo se passa numa praça e, ao fundo, um painel com o sol nos remete a Luís XIV, patrono das artes e da trupe de Molière. Por conta da polêmica que seu texto gerou, Molière escreveu logo, depois da estreia, uma outra peça para responder a seus detratores, A Crítica à Escola de Mulheres, que a produção pretende montar ainda em 2022.
Brian Penido Ross comentou as características de seu personagem e as comparou com outros clássicos do autor: “Arnolfo é um burguês de meia idade e está sujeito às convenções do amor e do casamento, ao contrário do comportamento libertino dos homens e mulheres da corte de Luís XIV. Ele faz toda sorte de intrigas sobre homens que foram traídos e deseja obsessivamente não se tornar um deles. Molière tem uma galeria genial de personagens com comportamentos compulsivos, como Argan, de O Doente Imaginário, ou Harpagão, de O Avarento.
Num momento em que o Brasil está lidando com pautas conservadoras e repressivas, rir de Arnolfo e acompanhar a rápida e comovente evolução de Inês em sua compreensão do mundo é muito salutar.
Durante a preparação da peça a equipe se inspirou em filmes como A Viagem do Capitão Tornado, (1990, de Ettore Scola; Molière, (1976, de Ariane Mnouchkine); O Rei Dança, (2000, Gérard Corbiau); Vatel – Um Banquete para o Rei, (2000, Roland Joffe, além montagens disponibilizadas pela Comédie-Française e pelo Teatro Odéon.
FICHA TÉCNICA
Idealização: Ariel Cannal, Brian Penido Ross e Clara Carvalho. Texto: Escola de Mulheres. Autor: Molière. Direção / Tradução / Adaptação: Clara Carvalho. Elenco : Ariel Cannal (Horácio), Brian Penido Ross (Arnolfo), Felipe Souza (Cupido), Fulvio Filho (Crisaldo), Gabriela Westphal (Inês), Leandro Tadeu (Oronte), Luiz Luccas (Henrique), Rogério Pércore (Alain), Vera Espuny (Georgette). Diretor Musical: Gustavo Kurlat. Diretor de Movimento: Guilherme Sant'Anna. Iluminador: Wagner Pinto. Cenógrafo: Chris Aizner. Cenotécnico: Denis Chimanski. Figurinista: Marichilene Artsevskis. Design Gráfico – Cenário: Adriana Alves. Design Gráfico – Divulgação: Mau Machado. Fotógrafo: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Assistente de Produção: Nando Barbosa e Nando Medeiros. Diretor de Produção: Ariel Cannal.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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