Maria Bragança e Maria Teresa Madeira lançam reedição do CD "Duas Marias" em concertos on-line
agosto 18, 2021Criando pontes entre a linguagem do erudito e do popular, elas interpretam composições de Radamés Gnattali, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Darius Milhaud e Astor Piazzolla, além de criações próprias; apresentações, que serão disponibilizadas no YouTube, contarão com participações de artistas da nova geração
Uma história de pioneirismo e amor pela música instrumental. Esse foi o pontapé inicial do duo formado pelas artistas Maria Bragança e Maria Teresa Madeira, que culminou no CD “Duas Marias”. A obra, que mescla o erudito e o popular, foi lançada em 2015 e agora é reeditada e relançada com concertos on-line. Com o patrocínio da CEMIG, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, as mulheres talentosas mostrarão ao público a potência que o saxofone e o piano têm juntos. As apresentações serão disponibilizadas em 20 de agosto no Youtube: youtube.com/
O grande reencontro das Duas Marias, Maria Bragança e Maria Teresa Madeira, aconteceu em 2005, com o concerto na Sala São Paulo, a convite da Filarmônica Brasileira. Desde então, não se perderam de vista, com encontros musicais além de gravações no terceiro álbum da saxofonista Maria Braganca, intitulado Trova Brasileira (2055), nas faixas Odeon, do Ernesto Nazareth e Rosa de Pixinguinha.
O CD Duas Marias foi lançado no Festival VAC - Verão Arte Contemporânea. O trabalho foi indicado na pré-final do prêmio Grammy 2016. Em 2020, ganharam o prêmio de melhores instrumentistas da Radio Inconfidência, de Belo Horizonte, e reeditaram o mesmo álbum com o patrocínio da CEMIG, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A saxofonista Maria Bragança destaca que o seu trabalho em parceria com Maria Teresa Madeira cria pontes entre a linguagem do erudito e do popular. “Interpretamos composições de músicos conhecidos como Radamés Gnattali, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Darius Milhaud e Astor Piazzolla e claro, nossas criações próprias. Mas tem também composições da grande compositora brasileira Chiquinha Gonzaga, como, também, da pianista Eliane Elias que é uma grande artista da música”, diz.
Já a pianista Maria Teresa Madeira ressalta como foi o processo de escolha do repertório para o CD Duas Marias. “O disco foi o resultado de um trabalho que a gente já vinha fazendo em concertos e apresentações. É um CD muito eclético musicalmente, que conta com composições minhas e da Maria Bragança. Este trabalho nos trouxe muita alegria e um retorno muito bom do público”, explica.
Participações
A reedição de Duas Marias conta com as participações dos percussionistas Marco Lobo e João Bani, além, do baixista Dudu Lima e do contrabaixista Omar Cavalheiro. O trabalho promove ainda o encontro de Maria Bragança com a percussionista Débora Costa e a baixista Verônica Zanella, que são duas instrumentistas da nova geração da cena musical de Belo Horizonte. “Queremos que, através do nosso trabalho, mais mulheres se sintam motivadas a divulgarem os seus trabalhos. Fato ainda desconhecido pela maioria é que a mulher influenciou a evolução da música no mundo. Afinal, esse espaço foi ocupado por homens, por uma condição social que restringiu, ao longo dos tempos, o papel da mulher apenas como intérprete ou cantora. O reconhecimento da importância do papel da mulher na música é de grande relevância, pois colabora para que esse antigo estereótipo seja superado. No século XVII, em Paris, Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre, tida como a nova descoberta do século, foi a primeira compositora reconhecida pela Academia Royale de Paris. E agora, com a trajetória que Maria Teresa e eu trilhamos, podemos abrir caminhos e criar oportunidades para novas profissionais da música”, conta a saxofonista.
Clóvis Salgado de Gontijo escreveu um texto sobre o CD Duas Marias. Confira na íntegra:
Duas Marias...
A unidade do dois
É sempre um desafio descrever experiências que se constroem fora do registro das palavras.
Portanto, é preciso ter cautela para dizer algo sobre a música e, mais ainda, sobre a música puramente instrumental.
Cautela para não orientar o ouvinte a um único “sentido” de escuta, para não sugerir referências e imagens que, além de fantasiosas, também poderiam restringir a expressividade múltipla própria a uma composição.
Diante de tais riscos, o que poderia ser dito sobre o CD de música instrumental Duas Marias?
Mais que sobre o teor expressivo das peças que o compõem, cujos títulos já estimulam vagas e abertas sugestões,conviria tecer algumas considerações sobre as particularidades deste duo.
No trabalho da saxofonista Maria Bragança e da pianista Maria Teresa Madeira, encontram-se indissociados os exercícios da interpretação e da recriação. A fim de interpretar grande parte do repertório selecionado, ambas o repensam e o reconfiguram, muitas vezes de maneira conjunta. Até mesmo peças por elas mesmas compostas adquirem neste CD nova roupagem. É o que ocorre em Barro Oco, de autoria da saxofonista, cujo barroquismo é reforçado pelo interessante contraponto bachiano que se ouve no piano nesta versão. A releitura também se nota no célebre Odeon, de Ernesto Nazareth, cujas hierarquias são subvertidas quando Bragança coloca em primeiro plano a linha ascendente do baixo. E, além destes momentos, o processo de recriação e co-criação se revela especialmente nas introduções e conclusões de algumas peças. Madeira inverte a forma do mesmo Odeon, abrindo-o, em atmosfera nostálgica, pela parte B e, no desfecho de Rosa, de Pixinguinha, realiza inesperado encadeamento harmônico, que faz desabrochar do sax arrojada despedida melódica.
O talento para a composição e o arranjo é comum a estas duas intérpretes, que, como o repertório deste CD, se movem na interseção entre o erudito e o popular. Quebrando limitados preconceitos, elas nos mostram quão fecundo é este território de encontro musical: a formação erudita proporciona domínio técnico, precisão e variedade nas articulações e sonoridades utilizadas, enquanto o contato com o popular garante fluidez e espontaneidade nas execuções. Ao ouvir o duo, é fácil confirmar preciosa observação transmitida por Berenice Menegale.
Segundo a pianista mineira, uma peça bem executada é aquela que parece ter sido improvisada. E não é isto o que sempre fazem as duas Marias, mesmo nas obras não adaptadas, como a Valsa triste, de Radamés Gnattali?
Talvez o elemento popular implique, de fato, uma extrema familiaridade com o fazer musical, qualidade que não deveria ser perdida de vista por nenhum músico. Ambas as instrumentistas nos ensinam que é possível mantê-la, sem perder o refinamento jamais... Refinamento da autêntica música de câmera, que transcende as separações entre os gêneros,e já se anuncia desde a primeira faixa do CD. Na Valsa da dor, de Villa Lobos, encontram-se sintetizadas as principais características do duo: a capacidade de “falar” e “responder”, de igual para igual, na alternância de quem sempre sabe ouvir a outra voz. Assim se cria a misteriosa unidade musical, que, em vez de apagar, ressalta e potencializa suas partes constitutivas, neste caso, a musicalidade singular de cada uma das Marias.
Clovis Salgado Gontijo
Sobre Maria Bragança
Mineira de Itabira, bacharel em saxofone com título de Mestre em Música pela Robert Schumann Musik Hochschule Dusseldorf -Alemanha. Teve a oportunidade de estudar com Ivan Roth, cursos com Arno Bomkamp e David Liebmann.
Maria Bragança já protagonizou uma série de concertos internacionais, ao lado do pianista Roberto Szidon, Michael Collins. Tocou ao lado dos grandes músicos do jazz como: :contrabaixista Eberhard Weber, o percussionista Mustapha Tettey Addy, Naná Vasconcelos além de parcerias com o percussionista Djalma Corrêa e o guitarrista Toninho Horta. Atualmente é professora de musica da Fundação Artistica Belo Horizonte, realiza projetos sociais através da musica, Desde o lançamento de seu segundo CD Barro -Oco (trilha sonora do filme o poeta de sete faces ) filme sobre o poeta Carlos D. de Andrade no mercado brasileiro, a saxofonista Maria Bragança vem conquistando, no Brasil e na Europa um público seduzido pelas suas interpretações e composições.
Sobre Maria Teresa Madeira
Maria Teresa Madeira Estudou piano na Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez o mestrado na Universidade de Iowa. É Doutora em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde é professora adjunta concursada desde 2009. Como solista e camerista apresenta-se com frequência no Brasil e no exterior, também ministrando masterclasses e workshops em países como E.U.A., França, Alemanha, Finlândia, Espanha, Argentina e Colombia. Em 1999 participou da serie televisiva que homenageou Chiquinha Gonzaga. Nesta ocasião gravou 3 cds dedicados a esta compositora. Com mais de 30 cds gravados, recebeu em 2016 o Prêmio da Música Brasileira e o Prêmio Bravo de Cultura com a Obra Integral de Ernesto Nazareth por Maria Teresa Madeira” (uma caixa com 12 cds totalizando 216 músicas) como melhor CD de música erudita.
Serviço
Maria Bragança e Maria Teresa Madeira lançam reedição do CD "Duas Marias"
Assista a partir de 20/08 pelo: https://www.youtube.com/user/
A iniciativa conta com o patrocínio da CEMIG, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura
O CD físico está disponível para venda em www.mariateresamadeira.com.br, na distribuidora Sonhos e Sons, livrarias e lojas de CDs em Belo Horizonte. As músicas também podem ser ouvidas por meio das plataformas digitais.
Duas Marias no Instagram: https://www.instagram.com/
YouTube Maria Bragança: https://www.youtube.com/
Site Maria Bragança: www.mariabraganca.com
Yotube Maria Teresa Madeira: https://youtube.com/user/
Site Maria Teresa Madeira: www.mariateresamadeira.com.br
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