Ubook homenageia Sirkis e lança nova edição do romain noir futurista Silicone XXI
julho 11, 2021(Divulgação Ubook)
Plataforma mantém viva a herança deixada pelo autor, jornalista e gestor ambiental e urbanístico, com obra atemporal de ficção
10 de julho de 2021 - No dia 10 de julho faz um ano que Alfredo Sirkis, jornalista, escritor, ex-parlamentar, ambientalista e roteirista de cinema brasileiro, faleceu. Para homenagear o autor de nove livros e manter vivo seu legado, a Ubook, maior aplicativo de audiotainment da América Latina, lança uma nova edição do livro Silicone XXI, romain noir futurista. A única história de ficção escrita por Sirkis traz, de forma divertida, reflexões e questionamentos sobre assuntos importantes e atuais na sociedade. A obra estará disponível nas versões audiobook e e-book, pelo site ou aplicativo e na versão impressa, disponível na Ubook Store.
A obra, futurista à época, se passa no ano de 2019 e foi bastante criticada nos anos 80 por conta dos clichês usados por Sirkis propositalmente. Definida como “pornofuturista” ou mesmo “precursora do cyberpunk”, a história passa a se desenrolar com o assassinato de um robô. O crime acontece em um quarto de hotel, localizado no Morro Dois Irmãos, no bairro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Mesma cidade onde, anos após publicar o livro, Sirkis protagonizou uma história importante na vida real. O escritor foi o primeiro Secretário do Meio Ambiente do Rio e, na época, atuou ativamente nas negociações que evitaram a construção de um grande hotel no mesmo local. Ele reflorestou toda a área e idealizou e inaugurou o Parque Municipal Penhasco Dois Irmãos. “Alfredo tinha uma ligação muito forte com o Parque Dois Irmãos. Quando ele escreveu o Silicone XXI não podia imaginar que, no futuro, ele viveria algo tão marcante em sua vida no mesmo lugar”, conta Ana Borelli, viúva de Sirkis.
Este acontecimento não foi a única coincidência que o autor traz em sua ficção. Escrito em 1985, o ano final da ditadura, das Diretas Já, o romance policial conta com um quê de profecia. Para o então longínquo ano de 2019, ele vislumbrou uma avassaladora progressão de ideias de uma ultradireita delirante, a consagração de um personagem bizarro de discurso totalmente extremado. No livro, Estrôncio Luz, sempre atacando as minorias que odeia, é projetado para a glória, se tornando instantaneamente popular com seu discurso, a partir de uma entrevista sua com a repórter Lili Braga.
Em sua última obra, Descarbonário (2020), lançada pela Ubook antes de seu falecimento, Sirkis dedicou um capítulo inteiro ao Silicone XXI, fazendo uma análise política das eleições presidenciais de 2018. “A lembrança dos personagens caricaturais com os quais trabalhava naquela obra de ficção policial futurista dos anos oitenta do século passado passou a me assaltar durante a campanha de Donald Trump. Volto-me à memória perdida do meu romance futurista, quando Estrôncio Luz, o assassino da pistola L, sapecou seu discurso delirante de ódio na entrevista com Lili Braga e disparou no Ibope. Silicone XXI não passava de uma ficção delirante, uma inflexão na minha até então ascendente carreira de escritor “realista”. Mas, inesperadamente, encontraria campo fértil no bravo mundo futuro, real. O mundo atual. Seria altamente cômico – como diversas partes do livro –, não fosse tão potencialmente trágico”, escreveu o autor.
Apesar de tantas questões políticas, a intenção da narrativa é divertir o leitor. A história teve sua inspiração no filme Blade Runner, de Ridley Scott, baseado por sua vez em um romance futurista de Philip K. Dick, Androides sonham com ovelhas elétricas?. Com o trabalho, Sirkis expõe um lado desconhecido até então, que só conseguiu mostrar quando escreveu o best-seller Os Carbonários (1980). A obra, que ganhou o prêmio Jabuti, também republicada pela Ubook, é baseada em sua vida, diferente de Silicone XXI, único livro totalmente ficcional.
É possível ler as 199 páginas em uma tacada só, bem-humorada, com uma narrativa fluida e à frente do seu tempo, típica da escrita de Sirkis. De forma leve e capaz de se comunicar com qualquer público, o livro traz diversos assuntos sérios e importantes que, apesar das décadas, se mantêm completamente atuais. A obra reflete a personalidade do autor, sua criatividade e atuação pública, e é um prato cheio para quem curte política, ficção científica e quem quer aproveitar um bom momento de lazer.
Alfredo Sirkis foi uma personalidade importante e é lembrado até hoje, não só por seu lugar na literatura brasileira, mas também por sua atuação política. Criou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, onde atuou na construção da maior rede de ciclovias do país, com quase 160km e do desenvolvimento do Mutirão de Reflorestamento em 47 morros cariocas. Além disso, foi responsável pela revitalização da área portuária, elaborando 18 projetos urbanísticos para a região, pela reconstrução do Circo Voador, pela implantação da Cidade do Samba e da Vila Olímpica da Gamboa e pela construção do Centro de Convenções da Cidade Nova.
Sinopse Silicone XXI
Rio de Janeiro. 2019. Em um quarto do Olympus Aerotel, templo informático do prazer, jaz o cadáver de um andrógino com a cabeça dilacerada por um disparo de pistola laser — arma privativa das forças armadas.
O que estaria por trás do terceiro crime de uma série de assassinatos semelhantes? Um maníaco excepcionalmente bem armado? Um ex-combatente inconformado com a relativa paz social daqueles tempos?
O experiente detetive José Balduíno, escalado para a investigação, depara-se com desdobramentos bizarros e inesperados, até perceber a ameaça terrível que paira sobre a vida de milhões de pessoas. Com a ajuda da repórter Lili Braga e de seus colegas, o policial tenta resolver o caso.
Escrito em 1985, o romance policial explora a ficção científica e reconstrói a cidade maravilhosa com uma arquitetura futurista. De forma divertida, Sirkis leva o leitor a refletir sobre questões críticas que permeiam a sociedade. Um livro atemporal, que possui questionamentos que podem ser aplicados até hoje.
Sobre Alfredo Sirkis:
Alfredo Sirkis (1950-2020) foi escritor, jornalista, político e ativista ambiental. Autor do best-seller Os carbonários (1980) – que ganhou o prêmio Jabuti –, Roleta chilena (1981), A guerra da Argentina (1982), Corredor polonês (1983), Silicone XXI (1985), Verde carioca (1996), Ecologia urbana e poder local (1999), Megalópolis (2008) e Descarbonário (2020). Trabalhou como repórter, colunista e roteirista em grandes jornais nacionais. Foi um dos fundadores do Partido Verde (PV) e teve forte participação política, sendo eleito vereador em 1988, reeleito por três vezes, e deputado federal em 2010. Teve destaque nas pautas ambientais, sendo um dos articuladores da Rede Sustentabilidade.
Sobre a Ubook
Lançada no início de outubro de 2014, a Ubook é o maior aplicativo de audiotainment da América Latina. Por um valor mensal é possível ter acesso ilimitado a todo o catálogo através do aplicativo. Além dos audiobooks e podcasts, a Ubook inovou o segmento trazendo também séries e documentários originais, notícias e ainda ampliou sua oferta ao disponibilizar também ebooks para seus assinantes. Com a crescente demanda por conteúdo em áudio no país, a plataforma lançou recentemente a Ubook Music e a Ubook FM, uma nova área que oferece música de diversos gêneros para assinantes e não assinantes. Para saber mais acesse: www.ubook.com
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