Quantas vezes as mulheres não caem na armadilha da autocrítica por se acharem incompetentes como profissionais, mães e até mesmo como mulheres? Muitas se vêm envolvidas em inúmeros papeis e sofrem por não darem conta de tudo sozinhas, como pensam que deveriam.  

A tecnologia nesse sentido também pode atrapalhar o sentimento negativo, uma vez que as redes sociais criam padrões de comportamento, sociais e físicos que são inatingíveis e pouco realistas. E a autoestima é impactada quando as pessoas se comparam com esses padrões sociais.

Ao contrário do que se pensa, diversas pesquisas mostram que a autocompaixão é uma forma mais adaptativa de construirmos resiliência emocional, do que uma alta autoestima. Até porque pessoas com autoestima acentuada tendem a ser mais autocentradas e egocêntricas. Enquanto a autoestima é sensível à auto avaliação e à avaliação do outro, a autocompaixão não requer julgamento.

Três formas de praticar a autocompaixão

A autocompaixão é a capacidade de fornecer suporte emocional a si mesmo, enfrentando desafios e adversidades com maior perspectiva e com a compreensão de que as dificuldades são comuns a todas as pessoas. Seguem algumas formas de praticar a autocompaixão.

1 – Seja gentil consigo mesma - Autocompaixão é sobre acolher as próprias imperfeições entendendo que nossos defeitos fazem parte de nós, mas não nos definem. Tenha um diálogo interno mais gentil e solidário em vez de punitivo e crítico. Os nossos defeitos nos fazem humanos e iguais aos demais, não diferentes ou piores. Por isso, podemos acalmar e cuidar de nós mesmo durante uma dificuldade ou desconforto.

2 – Entenda que as dificuldades fazem da vida - A autocompaixão consiste em ter uma visão lúcida e realista sobre as nossas dificuldades e imperfeições, entendendo que elas são naturais e fazem parte da experiência humana. Quando aceitamos nossas imperfeições com o entendimento de que são normais, conseguimos ver os erros como parte do nosso aprendizado e não provas da nossa incompetência. Quer dizer, nossas imperfeições fazem parte de quem somos, mas elas não nos definem. E se entendemos que todos sofremos, não nos sentimos inferiores por sofrer.

3 – Seja sua melhor amiga. – A autocompaixão é uma habilidade que pode ser aprendida, é sobre dar suporte a si mesma como você daria a um grande amigo que estivesse passando pela mesma situação. Fica mais fácil pedir ajuda, evoluir e superar o que nos incomoda. Intervenções focadas em desenvolver autocompaixão causam uma redução significativa de sintomas de ansiedade, estresse e depressão. Autocompaixão também está relacionada à resiliência emocional, satisfação com a vida, e com redução da probabilidade de casos de depressão e suicídio.

*Adriana Drulla é Mestre em Psicologia Positiva, pela Universidade da Pennsylvania e especialista em parentalidade consciente.