O Novo Mulan da Disney - Uma incrível jornada pelos mistérios do sagrado feminino!
dezembro 06, 2020Créditos: Disney |
Aqui o foco são duas mulheres, sim, protagonista e antagonista são mulheres, tão semelhantes e divergentes ao mesmo tempo.
A Disney passa a abordar os dilemas femininos que estão para muito além da necessidade do casamento e romance, a necessidade por aceitação social se torna o grande dilema do filme.
O Chi de Mulan assim como o de sua antagonista é muito forte, e na sociedade mulheres com tanto potencial não são bem vistas, o Chi é a energia vital, e um chi poderoso deve estar presente somente nos homens e não em mulheres.
Vamos observar quantas vezes a Disney já abordou o ímpeto feminino como um problema para as mulheres serem aceitas?
A primeira foi Ariel que tem de lidar com a furia de seu pai, que não aceita que ela se aproxime da superfície e colecione 'bugigangas', isso a leva para uma jornada que quase a destrói, depois temos Merida separada da primeira ruiva por algumas décadas, seu desejo por liberdade se transforma em um fardo tão grande para ser aceito que quase destrói sua família e reino, Elsa é poderosa demais para ser aceita até por seus próprios pais e uma mulher tão poderosa deve temer a si mesma, o medo quase destrói tudo que Elsa mais ama, com Moana não é diferente seu desejo por liberdade e uma vida melhor também deve ser contido por seu pai...
E não devemos esquecer da Malévola, a quem o excesso de poder provocou a cobiça até do amor de sua vida, quase a levando a destruição...
Com Mulan não seria diferente, muito Chi significa muito poder e muito poder deve ser ocultado, ou ela terá um terrível destino, o exílio...
Quem mais lembrou da pobre 'feiticeira' de a Bela e a Fera? A pobre Agatha de quem a sociedade francesa tirou tudo, a condenando a uma vida indigna e miserável na floresta.
Destino semelhante é o que acometeu a vilã de Mulan, condena a mesma indignidade vagando pelo deserto, encontra algum acolhimento e aceitação junto aos inimigos do imperador chinês, a masculinidade tóxica daqueles homens, lhe conferem alguma aceitação, mas sempre debochando de sua dor, 'um cachorro assustado' que encontrou com aqueles homens vis uma forma mais decente de existir, mesmo sendo mais poderosa que todos eles!
Mulan tem um objetivo nobre em seu coração proteger a vida de seu pai, mas como sabemos o fato de ser mulher a leva a viver momentos constrangedores no exército do imperador chinês, aqui não temos o belo Shang...
Mas o que em 1998 era só uma pincelada sobre como a masculinidade tóxica ensinada pela sociedade torna os homens frágeis é escancarado com jocosidade, os soldados revelam a insegurança que sentem diante de uma mulher e mais, mulheres não devem ser inteligentes ou possuírem senso de humor...
E é ao admitirem sua fragilidade que estes soldados conseguem fazer com que seu comandante ouça a pobre mulher insignificante que Mulan é naquela sociedade.
Esta jornada de Mulan é observada atentamente por sua rival, levando-a a contestar a forma como vive.
Nesta adaptação da lenda de Mulan não temos o dragão divertido Mushu, temos aqui a Fênix, temática que também foi abordada no segundo filme da Malévola, a Fênix é uma analogia ao espírito feminino e sua capacidade de renascer, mesmo após estar ferido de morte, é das cinzas que as mulheres encontram uma força mística para renascer.
A Fênix aqui é simbolizada como o próprio espírito da heroína a guiando a tomar a direção certa.
Xian Lang a antagonista tem em seu espírito a águia, e provavelmente o simbolismo do filme tenta mostrar que ela não encontrou forças para queimar, arder e renascer, permanecendo em um aspecto mais mandando de seu ser, antes de atingir a total iluminação de seu Chi.
A temática do filme aborda a necessidade de atentarmos ao ensinamento do Yin-Yang, nossa sociedade perde o equilíbrio e nos obriga a viver feminilidade e masculinidade tóxicas para ambos os gêneros, mulheres não foram feitas apenas para o lar assim como homens não foram criados apenas para a guerra, quando a sociedade nós obriga a viver apenas uma destas faces, nos desequilibramos e somos guiados a destruição do nosso ser.
É importante que enquanto sociedade saibamos reconhecer a individualidade de cada ser humano e a peculiaridade de cada Chi (energia vital) e não julgarmos a forma como cada indivíduo decide viver sua existência.
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