Agosto - Mês da conscientização da Esclerose Múltipla
agosto 14, 2020
No mês de agosto celebramos uma sequência de eventos apelidados de “agosto laranja”, que culmina em 30/08 no Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A Esclerose Múltipla, apesar de levar a palavra “esclerose”, vai além do significado que esta palavra pode inconscientemente soar! Não é uma demência e não acomete pessoas idosas! Muitos desconhecem, mas na verdade é uma doença autoimune que afeta mais pacientes jovens, de 20 a 40 anos, em sua maioria mulheres! Além disso, é a segunda maior causa de incapacidade em pacientes jovens, perdendo apenas para causas traumáticas. São mais de 40.000 brasileiros com este diagnóstico, um número ainda subestimado!. A causa é desconhecida, porém é bem descrita uma interação entre fatores genéticos e ambientais. Os mecanismos principais envolvem a perda da bainha de mielina, um material adiposo que reveste nossos neurônios, permitindo a condução normal e rápida de mensagens elétricas e a perda da própria “fibra nervosa” ou axônio, que é o prolongamento do neurônio (mecanismo degenerativo).
Em cerca de 85% dos casos, a doença se inicia na forma de surtos. Estes surtos são manifestados por sintomas neurológicos que duram entre dias e semanas. “Os surtos podem ser diversos. Podem acometer a visão, a sensibilidade, a força muscular, a coordenação e outras funções do sistema nervoso central. Em um dos surtos mais típicos, ocorre uma redução da acuidade visual (visão embaçada e dificuldade de enxergar) e dor à movimentação ocular. Este surto é conhecido como neurite óptica, uma inflamação no nervo óptico, que conduz informações da nossa visão. Em outros surtos, pode haver dormência e formigamento nos membros, desequilíbrio, fraqueza muscular, urgência e incontinência urinária, entre outros. Os sintomas se recuperam (remitem, completamente ou parcialmente) e recorrem ao longo do tempo. Devido a esta tendência de remitir e recorrer, este principal tipo é chamado de esclerose múltipla remitente-recorrente.”, informa Dr. Mateus Boaventura, neurologista especialista em esclerose múltipla. Em outros casos, há ainda uma progressão lenta de sintomas neurológicos, como fraqueza muscular e desequilíbrio, nas formas progressivas da doença
Muitos pacientes testemunham idas e vindas a diferentes especialistas, como oftalmologistas em casos de sintomas visuais e ortopedistas ou cirurgiões vasculares, em caso de sintomas em membros. Pode haver um acúmulo de sequelas, se não houver um diagnóstico e tratamento precoces. O diagnóstico envolve a uma avaliação detalhada da história dos sintomas, exame neurológico de exames complementares: realização de ressonância magnética, estudo do líquor (punção lombar) e exames laboratoriais para descartar outras doenças.
Antes de 1993 não havia nenhum tratamento eficaz aprovado. Hoje, felizmente, existem mais de 10 opções de tratamento para frear doença, em sua forma remitente-recorrente. São desde drogas autoinjetáveis, orais ou venosas. Para a forma primariamente progressiva, existe um tratamento venoso recentemente aprovado, nos últimos 3 anos. “Cada opção de tratamento possui um grau de eficácia e um perfil de efeitos adversos. A escolha é individualizada. O objetivo do tratamento é prevenir novos surtos, novas lesões e o acúmulo de incapacidade. Ainda não temos uma cura que controle 100% da doença. Entretanto, hoje após 27 anos da primeira terapia aprovada, a história e o prognóstico de pacientes com esclerose múltipla melhorou significativamente! Felizmente, um grande percentual destes pacientes pode não evoluir mais para incapacidade neurológica importante, e ter uma boa qualidade de vida, caso recebam um diagnóstico e um tratamento precoces.”, informa Dr Mateus Boaventura, neurologista especialista em esclerose múltipla
Dr. Mateus Boaventura de Oliveira
Médico Neurologista pelo HC-FMUSP e Hospital Sirio Libanês
Fellow clínico e pesquisa em Esclerose Múltipla em Barcelona -Cemcat- Hospital Vall d’Hebron
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